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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

[1798]. Carta de Martinho Afonso Henriques de Melo para José da Cunha Fialho, corregedor da comarca de Torres Vedras.

ResumoO autor queixa-se ao destinatário, o corregedor da comarca de Torres Vedras, de João Pimentel, que, tendo aforado recentemente uma propriedade no Bombarral, destruíra um antigo caminho público que a atravessava.
Autor(es) Martinho Afonso Henriques de Melo
Destinatário(s) José da Cunha Fialho            
De Portugal, Alenquer, Bombarral
Para Portugal, Alenquer, Sanguinhal
Contexto

Processo relativo a João Pimentel, residente no Bombarral e dono de uma taberna na mesma localidade.

João Pimentel aforara recentemente um prazo no Bombarral e mandara destruir um caminho de pé posto que atravessava essa propriedade, até então desocupada. O dito caminho, utilizado pela população da região, constituía o único acesso a duas pontes da zona e ligava as povoações do Bombarral e Sanguinhal. Obstruído este acesso, o Padre Reitor do Bombarral, irmão do suplicado, afixou na porta de igreja um edital que informava que a passagem se passaria a fazer pela propriedade de Rodrigo de Lencastre e Maria do Carmo Henriques, sobrinha de Martinho Henriques de Melo.

Considerando que a obstrução do antigo caminho não tinha tido "consentimento do povo", a população requereu a sua reabertura, para o que se dirigiram duas petições a José da Cunha Fialho, Corregedor da comarca de Torres Vedras, que acabaram por ser despachadas favoravelmente. Acompanhavam estas petições diversas provas da má conduta generalizada de João Pimentel.

Estão inclusas neste processo duas cartas (PSCR0704 e PSCR0705) em que Martinho Henriques de Melo expõe o caso a José da Cunha Fialho. Por estar muito doente, o autor das cartas pediu que lhas escrevessem, ditando-as a um escriba.

Suporte uma folha de papel dobrada escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Ministério do Reino
Fundo Requerimentos
Cota arquivística Maço 964, Rodrigo de Lencastre
Fólios 45r-46v
Socio-Historical Keywords Mariana Gomes
Transcrição Mariana Gomes
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Catarina Magro
Data da transcrição2015

Page 45r > 45v

Sr Dezor Jozé da Cunha Fialho

Sinto na minha alma, que a primeira vez que aparesso a VSa por algum modo seja em taes circonstancias: Sendo certo, que mto tempo, que eu respeito o nome de VSa e tenho inveja as pessoas, que tem a fortuna de tratalo. Como foi percizo dar parte a minha Sobrinha do dezacordo do Reytor desta terra, era necessario que ella me informasse do que passou com o Sr Siabra, e que fora avizo a VSa para conhecer sobre o cazo acontecido: como não vi a petição, que se fez em Lisboa, e pello amor, que tenho a verdade queira desculpar que eu fazerlhe huma carta comprida.

O Reytor, que está nesta terra hum anno, e em todo este tempo me tem devido toda a casta de obzequio, e defeza , e devo confeçar que eu ignorava que mtas vezes se toldava com vinho ; a sangue frio no terceiro Domingo da quaresma pos na porta da freguezia, o Edital, que julgo seria a VSa remetido, e com a circonstancia de vir jantar comigo, e outroz Prez nesse mesmo dia, chegarão ellez, e o Edital ao mesmo tempo julguei eu que o nome era suposto, e elle logo portestou que o fizera, e que o puzera, eu na maior ademiração lhe respondi, e o dezpedi: Sem em-bargo de que o ditto Reytor desde que aqui chegou tem recebido de hum malvado Irmão, que tem, que se chama João Pimentel , este hum homem atróz, e o outro Leve , todaz az aleivozias, falcidades, e injuriaz asim mesmo os mais solidos indicios para se julgar que foi induzido pello seu Irmão, e pello seu inimigo a fazer huma tal dezordem. Queira VSa confinar emquanto ao Edital, ou cartáz es-teve pregado, o dito João Pimentel, que da porta da sua Taverna o via Ler aos que entravão na Igreja, dezia para os que estavão na mesma taverna com a maior satisfação "o Edital pequenino desmente o Edital grande, eu tenho mto dinhro rezervado para gastar com o Diabo" e aqui acrecentou outraz coizas de pervercidade da sua Lingoa sendo ouvintes Manoel Simoens Moleiro: Antonio Nunes: Jozé vieyra; Antonio filho do cabeça, e outroz muitoz.

VSa ha de pormeter para melhor eu fazer a inha deducão, que eu debuche o retrato deste gigante de maldade. Empobreceo seu Pay furtando-lhe deolhe, e o tratava no maior desprezo, ouve quem dicesse isto a huma pessoa, de quem o seu interesse dependia, vem buscar o Pay, e a Madrazta, que a todo o mundo se queichavão destas insolenciaz



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