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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1622. Carta de Francisco Cardoso de Oliveira, clérigo, para António Reinoso, clérigo.

ResumoO autor, informado do que acontecera à sua família, pede ao amigo que o mantenha ao corrente do que se for passando e que trate dos seus negócios, dando-lhe instruções sobre como o contactar.
Autor(es) Francisco Cardoso de Oliveira
Destinatário(s) António Reinoso            
De Sevilha
Para [Lisboa]
Contexto

O réu deste processo é o clérigo João de Oliveira, preso por judaísmo pela Inquisição a 7 de Outubro de 1622. O pai e a mãe de João de Oliveira, Tomás Rodrigues e Violante de Oliveira, eram cristãos-novos que tinham estado presos pela Inquisição de Coimbra, sendo libertados e abrangidos pelo perdão geral. No entanto, em 1621, Tomás Rodrigues voltou a ser preso, pois constara que queria fugir do país. Ainda nesse ano foi presa uma sua filha, a freira Maria de Oliveira, professa no Mosteiro de Celas, em Coimbra, e, em Outubro de 1622, foram presos os seus restantes familiares: a mulher, e os filhos, os clérigos João de Oliveira, réu deste processo, António de Oliveira e Simão de Oliveira. Dois filhos de Tomás Rodrigues escaparam, pois não estavam no país: Diogo Rodrigues de Oliveira, que vivia em Nápoles com um tio, e Francisco Cardoso de Oliveira, também ele clérigo, que se encontrava em Sevilha, a caminho de Itália, quando os irmãos e mãe foram presos. No processo de João de Oliveira encontram-se oito cartas. As três primeiras (PSCR1346 a PSCR1348) são da autoria de Francisco Cardoso de Oliveira e foram entregues na mesa do Santo Ofício, a 24 de Outubro de 1624, por António Reinoso, destinatário de uma delas e irmão de André Reinoso, destinatário das outras duas. A carta seguinte também se dirigia a André Reinoso, tendo sido enviada por Diogo Rodrigues de Oliveira (PSCR1349). O processo contém ainda vários papéis encontrados no bolso de uns calções de João de Oliveira aquando da sua prisão, e entregues na mesa pelo escrivão do fisco, entre os quais se encontram duas cartas que lhe são dirigidas: a primeira de um amigo de família, Frei Dionísio Cali (PSCR1350), a segunda de Francisco Cardoso de Oliveira (PSCR1351), assim como o fragmento de outra, reaproveitado para se escreverem instruções cifradas no verso (PSCR1352). Em várias destas missivas se faz menção, embora de forma subtil, à infelicidade da família e alude-se às esperanças que todos tinham de que os presos saíssem em liberdade. Todavia, apenas Simão de Oliveira e Maria de Oliveira escaparam com vida. João de Oliveira, Tomás Rodrigues, Violante de Oliveira e António de Oliveira faleceram no cárcere e foram, posteriormente, relaxados à justiça secular.

Tem escrito no topo "Esta carta trouxe à mesa, em 24 de Outubro de 1622, António Reinoso, beneficiado em Santa Cruz do Castelo, dizendo que era de Francisco Cardoso de Oliveira, filho de Tomás Rodrigues, e que lhe dera um mancebo que só conhece de vista com sobrescrito para ele, e que outra que veio no correio de 17 deste com o sobrescrito para André Reinoso seu irmão lhe dera o carteiro domingo e que ela a dera ... Luís Lobo ..." e na margem esquerda "do seu escrito da carregação das passas e encarregou com a cobrança a António Nunes destas passas em 25 de Outubro de 1622."

Suporte duas folhas de papel escritas em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 2536
Fólios 7r-8v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2302460
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

Page 7r > 7v

Se minhas desventuras e adversidades podem mover coraçois umanos seja delles o de vm, e se acorde não dos tempos preztes se não dos passados e da mta amizada que teve com aquelles infiliçes e tristes afligidos q a serem os trabalhos tão afrontozos não avera rezão q os amigos nos desamparem a ocazião he forçosa a cauza justa minha ventura pouca em ficar tão cargada de mizerias não se olvide vm desta alma q o corpo mais he de morto q de vivo, e não fora minha ventura tal q fora nesta a nova de minha morte q ja lhe podia chamar vida pois tão desventurada a tenho e tão aborreçida he de mi acabesse ja com animo tão atribulado y se far-tarão meos imigos de nosso sangue seja Deus louvado q tanto me tinha guardado pencamto tive de meterme nesse Rno acabar com minhas amadas prendas mas por não tentar a Deus o não fasso mas de mra me consumirei na vida q so o dia do juizo me descubra; e se como fujo aos homeis pudera a Deus o fizera porq os mtos pecados meos o tem irritado contra mi, e mereço mto mais do q tenho.



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