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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

[1628]. Carta de João Esteves, antigo carcereiro, para João Lopes, guarda do cárcere da Inquisição de Lisboa.

ResumoO autor envia instruções para utilizar cera como forma de passar correspondência.
Autor(es) João Esteves
Destinatário(s) João Lopes            
De Portugal, Lisboa, cárcere da Inquisição
Para Portugal, Lisboa
Contexto

O réu deste processo é João Lopes, guarda do cárcere da penitência da Inquisição, preso em setembro de 1628 por impedir o recto funcionamento do Santo Ofício ao deixar os presos trocar correspondência com o exterior. A 25 de setembro de 1628, Estêvão da Costa, outro guarda, veio à mesa denunciar João Lopes. Na noite do dia 20 de setembro, quando os dois iam dar candeias aos presos, o guarda viu João Lopes a receber um embrulho da mão de João Esteves, um antigo guarda daqueles cárceres que fora preso por permitir que os prisioneiros trocassem correspondência entre si. Pressionando o companheiro, Estêvão da Costa descobriu aquilo que João Lopes recebera, um pedaço de cera em que vinham três escritos, e entregou-os para serem apensos ao processo do seu companheiro. Interrogado, João Esteves confessou que, desde a sua prisão, João Lopes o ajudara a trocar correspondência com a mulher. Umas noites antes daquela em que foram apanhados, João Esteves dera a João Lopes um escrito para a sua mulher, pedindo novas, e este, dias depois, trouxera-lhe a resposta, embrulhada em cera, dentro de um melão. João Esteves escrevera, então, os três papéis presentemente transcritos, que escondeu também em cera, os dois primeiros para a mulher, contendo instruções sobre como ela devia governar a casa, e o último para João Lopes, informando-o sobre o que fazer. Quando lhe mostraram os três bilhetes apreendidos, o antigo guarda confirmou que eram aqueles que dera a João Lopes.

João Lopes foi sentenciado em auto-da-fé privado em 1632, com açoitamento público e degredo para o Brasil por três anos, enquanto João Esteves, para além de ser açoitado publicamente, foi enviado por cinco anos para as galés e privado para sempre do ofício de guarda.

Na margem inferior esquerda do rosto está uma anotação que diz: "papel que vinha dentro da cera". O papel de carta foi reaproveitado de outro, já que no verso se encontram fragmentos de outros dois escritos.

Suporte um pedaço de papel escrito na frente.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 18041
Fólios [27c]r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4618469
Socio-Historical Keywords Mariana Gomes
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Maria Teresa Oliveira
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2017

Page [27c]r

sor amigo dẽtro desta sera vão hũas Regras pa a minha velha pello amor de ds se não emfade q eu saberei sastifazer estas mes e quando vm me quizer fazer m de reposta dẽtro desta sera va mto bem e quando vm toma a noite os pratos pode deixar ali a sera q não se a enxergga por ser negra ads amigo



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