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Maarten Janssen, 2014-

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1828. Carta anónima para José Barata Freire de Lima, Intendente Geral da Polícia.

ResumenDenúncia dirigida ao Intendente Geral da Polícia contra Isidro Gonçalves, responsável pela morte de Francisco Balhão.
Autor(es) Anónimo10
Destinatario(s) José Barata Freire de Lima            
Desde Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Isidro Gonçalves, dono de uma Fábrica de Bolacha, foi denunciado às autoridades por duas razões: por ter sido responsável pela morte de um seu criado e por ser contrário ao partido de D. Miguel. Segundo a denúncia, a morte do criado Francisco Balhão ter-se-ia devido ao facto de ele ser "um moço muito realista". Interrogadas as testemunhas acerca do conteúdo do Auto, algumas disseram que a morte teria ocorrido "por causa de uma moça" e outras apontaram como causa uma bebedeira, afirmando que não faziam sentido os motivos políticos apontados. Testemunharam que Isidro Gonçalves sempre fora realista e bem comportado, nunca consentindo conversas políticas em sua casa. Ao mesmo tempo, um ourives de nome Manuel, amigo do tio de Francisco Balhão, teria pedido a Veríssimo José Martins, apontador do Arsenal Real dos Exércitos, que testemunhasse contra Isidro Gonçalves. Mas a verdade é que o mesmo Veríssimo José Martins revelou que a morte do moço se devia a ciúmes por causa de umas mulheres e não a motivos políticos. No final do processo, ficou claro que a denúncia era falsa.

Este processo judicial e as cartas dele retiradas podem ser situados no momento das primeiras tentativas de revolta militar contra o recém-instalado governo absolutista de D. Miguel. Ao longo da primavera de 1828, ocorreram levantamentos liberais em diversas cidades do país, entre as quais o Porto, onde se chegou a formar uma Junta Governativa. Esse foi também o ano em que um grupo de estudantes de Coimbra, pertencentes à sociedade secreta “Divodignos”, assassinou a delegação de representantes da Universidade que se dirigia a Lisboa para felicitar D. Miguel.

Além da resposta militar a estas ações, desencadeou-se por todo o país um movimento, muitas vezes referido como “Terror Miguelista”, de perseguição e repressão dos simpatizantes liberais. Bandos de "caceteiros” atuavam pelas ruas com impunidade e os oficiais do regime prendiam à mínima denúncia, sem necessidade de averiguação.

Bibliografia

Luís Reis Torgal e João Lourenço Roque (coords.), José Mattoso (org.)

História de Portugal, vol. V: O liberalismo (1807-1890)

Lisboa

Círculo de Leitores

1993.

Soporte meia folha de papel dobrada escrita nas duas faces, e com sobrescrito na última.
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fondo Feitos Findos, Processos-Crime
Referencia archivística Letra B, Maço 3, Número 13, Caixa 8, Caderno [4]
Folios [5]r-[6]v
Transcripción Cristina Albino
Revisión principal Cristina Albino
Contextualización Cristina Albino
Normalización Sandra Antunes
Anotación POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2007

Page [5]r > [5]v

Illmo e Exmo Snr

Izidro Gonçalves com Fabrica de Bollaxa na Rua das atafonas Freguezia do Sucoro tinha em sua caza hum Moço por nome Francisco Balhão munto Realista qujo moço tinha tido grandes argumentos com os outros compros tambem criados da Fabrica elle sempre a favor de S D Miguel e o patrão com os outros sempre contra elle ate q chegou a noticia de os Malvados do porto se terem levantado depois emtrarão a dizelhe a elle Franco agora ha de levarte o diabo a ti mais ao Infante emtrou o moço a zangarce e dicelhe q os avia de acuzar ate q huma noite, hum Bento criado da mesma Fabrica lhe deu hum facada abacho



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