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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1656. Carta apócrifa de Manuel Leitão de Oliveira fingindo ser Francisco Rodrigues de Oliveira, irmão de licenciado, preso, para sua mulher, Maria da Mota.

ResumoO autor finge que o seu tio, preso pela Inquisição, dá boas notícias à mulher.
Autor(es) Manuel Leitão de Oliveira
Destinatário(s) Maria da Mota            
De Portugal, Elvas
Para S.l.
Contexto

Segundo o depoimento feito perante a Inquisição por Manuel Leitão de Oliveira, de 12 anos, filho de Filipa Grácia, falecida, e do licenciado Sebastião Rodrigues de Oliveira, advogado, preso com os seus irmãos e tios na Inquisição de Évora, algumas cartas deste processo são apócrifas. Para acalmar a madrasta (e também para receber umas prometidas alvíssaras), Manuel Leitão de Oliveira resolveu forjar cartas do punho de seu pai e seu tio, supostamente emitidas da cadeia pública de Elvas. Quase todas as mulheres da casa (a avó, a madrasta e uma tia) acreditaram, e ditaram cartas de resposta, as quais, obviamente, nunca chegaram ao destino. Toda a correspondência foi ficando na mão de Manuel Leitão de Oliveira, que acabou por entregá-la à Inquisição ao ser obrigado a ilibar o pai e os tios da culpa de revelar o segredo do Santo Ofício. Manuel Leitão de Oliveira justificou assim a sua conduta: vendo que sua madrasta estava sempre chorando, desejando saber novas de seu marido e pai dele, e prometendo muito a quem lhe desse essas novas, ele por sua ignorância lhe disse que escrevesse ela um escrito, que ele tinha por quem o mandar, e assim foram e vieram três escritos e três respostas, e eram os que ali mostrava.

As cartas foram inicialmente publicadas em Marquilhas, Rita (2005) "Una gran sala con la puerta abierta: cartas imaginarias desde la cárcel de la Inquisición (Portugal, siglo XVII)", Castillo Gómez, A. e V. Sierra Blas (eds.), Letras bajo sospecha. Gijón (Asturias), Ediciones TREA: 43-75.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Évora, Cadernos do Promotor
Cota arquivística Livro 225
Fólios 351C v
Transcrição Rita Marquilhas
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2005

Page 351C v

snar

maria da mota mto estimei novas Vosas e deses menynos e de Vosa mai eu fiCo Com saude deos grasas elle nos ha de Levar pa Caza antes de poso tenpo asy que não Vos desConsoleis fiCo mto anojado por sangrada o que me deseis de Vistido por ora não hei Ca mister nada Vosos Cunhados Vos mandão muitos reCados eu os mando a Vosa mai e a todos os de Caza e o mediCo Con saude Dis que se Leanor Lopes he pesta que seja mto embora que elle que lhe não ha de esCrever não Sou mais Largo

da emquesisaõ elluas 6 de outubro de 1656

eu esCrivi depreza frCo Roiz oliveyra



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