Pe Antonio
Estimo que passasses bem a noute, e a tua fa
milia, e eu não passei
bem, nem desta idade, e com
a molestia do peito posso passar senão mal.
Como teimas em não quereres
senão as
propriedades especificadas na Procuração separa-
damente, como vejo no Rescunho que me deixastes
ficar, para em tudo concordar contigo o assigno,
por não estar de pachorra para a trasladar, e para
ser valioxo o
nosso Contrato não julgo necessario
ser feita a Procuração por Tabelião, como tu di
zes, porem a ser precizo vai falar
a Joze Al
ves por ser mais pratico, e que venha cá porq
eu lá não posso hir com a minha aflição do
pei-
to, ou ao menos que venha a tua Caza que eu lá es
tarei, porem pede lhe Segredo, porque como nim
guem sabe
os motivos do nosso Contrato terão
que murmurar, ao que me sugeito por tu
seres impertinente, e
temeres que haja algum
desvio em contemplarte no meu Testamento
com a maior parte dos meus bens.
Emfim faze o que quizeres
e entenderes,
de sorte que tudo se arranje, como temos tratado.
Quando fores para Lisboa para se fazer
a Escriptura,
que deve ser o mais breve, aviza
pa escrever ao Pereira pedindolhe tenha este
incomodo, de
que espero se não escuzarà, e tu não
te esqueças de trazer as gazetas mais moder
nas .
Deos
te dè Saude e felicidades
que te dezejo como fiel Amigo
Sirol 26 de Maio de 1812
Mathias Luiz da Sa