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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0636

[1788-1790]. Carta de Nicolau de Santo Agostinho, padre, para Ana Vitória.

Author(s)

Nicolau de Santo Agostinho      

Addressee(s)

Ana Vitória                        

Summary

O autor escreve a Ana Vitória pedindo desculpas pela demora, justificando esta com os atrasos do correio por causa das condições meteorológicas e com o seu serviço de padre, que lhe deixava pouco tempo para a escrita.

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Jezus Maria Jozé,

Minha filha em Jezu Christo este Senhor te assista sempre com a sua divina graça e te muito do seu amor; para que fortalecida com este possas levar os trabalhos, que elle mesmo te permita. Sinto que por meu Respeito tenhas tido tanta mortificação, e aflição; porem entendo que ja estarás aliviada do cuidado que te oprimia; porque ha quinze dias que te escrevi, e ja hades estar entregue da carta, e descansada. A grande demora dos Correios, os tempos de chuva, que não permitem, que elles cheguem a tempo de se poder escrever, ao ter muitas vezes, que fazer na minha obrigação he a Cauza destas demoras. Na tua me dizes que tem havido embrulhadas a respeito de mim, eu não sei de cousa alguma, nem de tal tenho noticia; porque ainda que a Religioza, que eu dirigia me deixou, e tomou outro, da minha parte não houve nada, nem sei que haja cousa de turbação, se me não querem dizer. Tãobem hum Donato que se confessava Comigo me deixou, e o Capellão Frei Jozé he que continua a escreverme, o qual tãobem me consta que tem estado com cuidado em mim por- falta de noticias minhas; porem tãobem ja ha de estar descansado; porque por elle he que eu te escrevi, e te escrevo tãobem esta; porque esse he firme, e não se ha de mudar com tanta facilidade Eu graças a deus estou bom, e tenho passado bem nesta terra, e as Religiozas estão muito satisfeitas, e contentes comigo, e ja tenho seis a minha conta, e com esperanças de mais. A dezoito do mez passado houve huma entrada, e ámanhã Vespera de São Jozé ha outra, e estão mais tres para entrar, com que não falta que fazer, e em que me ocupar, mas o que trabalho he quando morrem. Dezejo que vás continuando as Confissoens, e Comunhoens ainda que com mortificação, e trabalho, mas tudo he precizo para agradar a Nosso Senhor e alcançar o Ceo. Não te descuides da santa Oração; pois esta he a que fortaleza a Alma para os trabalhos, e para vencer as tentaçoens. Conserva sempre no Coração hum ardente dezejo de agradar em tudo a Deus e de lhe fazer em tudo a vontade e confia muito neste senhor e ama-o bem deveras, e com todo o Coração, com toda a alma, e com todas as tuas forças, que ainda que são poucas, o mesmo amor tas aumentará. Sofre Com paciencia tudo o que se te offerecer de mortificação, e conformate em tudo com a divina vontade Reziste com valentia a todas as tentaçoens, e prosegue com valor no serviço de Deus a quem peço me encomendes, e o mesmo te guarde como muito e muito dezejo.

Faro dezassete de Março. Frei Nicoláo.

Recomendame a Quiteria.


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