PT | EN | ES

Menú principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

CARDS2155

[1774]. Carta de [Margarida Lopes] para José Anastácio da Cunha, matemático e poeta.

ResumenA autora escreve a Anastácio José da Cunha, avisando-o sobre a ida de membros da sua corporação ao Santo Ofício. A carta contem texto em código;
Autor(es) Margarida Lopes
Destinatario(s) José Anastácio da Cunha            
Desde Portugal, Viana, Ponte da Barca
Para S.l.
Contexto

Esta carta foi anteriormente publicada por Teófilo Braga (1898:612), por António Baião (1924/1953:114-116), mas sem a desocultação das palavras cifradas. As cifras, segundo João Pedro Ferro (1987), pertencem a convenções maçons.Pequena biografia de José Anastácio da Cunha (1744-1787), preparada por Fernando Reis para a página "Ciência em Portugal" do Centro Virtual Camões.

Matemático e poeta, nasceu em Lisboa a 11 de maio de 1744. De ascendência humilde, o seu pai, Lourenço da Cunha, era um pintor com alguma notoriedade, que passou um curto período em Roma de forma a melhorar a sua técnica. A sua mãe, Jacinta Inês, foi criada e recebeu educação elementar. José Anastácio da Cunha foi educado em Lisboa, no Convento de Nossa Senhora das Necessidades que pertencia à Congregação do Oratório. Segundo testemunhos do próprio Anastácio da Cunha à Inquisição, os Oratorianos ensinaram-lhe Gramática, Retórica e Lógica até aos 19 anos. No que diz respeito à Física e à Matemática foi um autodidata. Em 1764 foi colocado nomeado Tenente do Regimento de Artilharia do Porto e colocado na praça de Valença do Minho. O Regimento de Artilharia do Porto era constituído por uma maioria de oficiais estrangeiros, muitos deles protestantes, que influenciaram Anastácio da Cunha. Terá então aderido a ideais como a tolerância, o deísmo e o racionalismo, que vieram a integrar a sua produção científica e poética.

Devido à sua relação de amizade com os oficiais britânicos, aprendeu a falar inglês fluentemente o que, juntamente com os conhecimentos que tinha de outras línguas como o francês, latim, grego e italiano, lhe permitiu traduzir autores como Voltaire, Pope, Otway, Horácio, Rousseau, Holbach, Helvetius e outros. Pensa-se que foi neste período que aderiu à maçonaria, por influência dos seus amigos estrangeiros.

Em 1769 fez, a pedido do Major Simon Frazer, uma memória sobre balística, intitulada Carta Fisico-Mathematica sobre a Tehoria da Polvora em geral e a determinação do melhor comprimento das peças em particular, onde apontava erros e falta de precisão que encontrou em alguns trabalhos sobre artilharia. Em 1773 o Marquês de Pombal nomeou-o lente de Geometria na Universidade de Coimbra, na sequência da Reforma da Universidade levada a efeito em 1772. Anastácio da Cunha não encontrou ambiente propício ao desenvolvimento e aplicação das suas capacidades e após a morte de D. José I, em 1777, foi denunciado à Inquisição, preso em 1 de julho de 1778 e acusado de envolvimento com os protestantes ingleses em Valença, de ler Voltaire, Rousseau, Hobbes e outros autores perigosos e de corromper as gerações mais novas através da sua eloquência. Foi considerado culpado das acusações e excomungado, afastado do seu cargo na Universidade, dos seus títulos e viu confiscados os seus bens. Foi ainda condenado a participar num auto da fé e a ficar encerrado na Congregação do Oratório em Lisboa, após o que seria deportado para a cidade de Évora durante 4 anos. Foi ainda proibido de voltar a Valença e a Coimbra. Após dois anos nos Oratorianos a sua pena foi reduzida a residência obrigatória nos Oratorianos.

Entre 1778 e 1781 teve que se dedicar ao ensino privado para subsistir e em 1783 foi contratado pelo Intendente Pina Manique para o Colégio de S. Lucas da Casa Pia como professor de Matemática, tendo aí elaborado o programa pedagógico da Casa Pia. Enquanto esteve na Casa Pia concluiu a sua obra Princípios Mathematicos. Por volta de 1785-86 perdeu a sua posição na Casa Pia, por razões que se desconhecem. Morreu a 1 de janeiro de 1787.

O processo inquisitorial de José Anastácio da Cunha foi inicialmente estudado e parcialmente publicado por Teófilo Braga, António Baião e João Pedro Ferro: Teófilo Braga (1898) Historia da Universidade de Coimbra nas suas relações com a instrucção publica portugueza. Tomo III 1700-1800. Lisboa,Typographia da Academia Real das Sciencias (pp. 611-636), António Baião (1924/1953) Episódios Dramáticos da Inquisição Portuguesa, Vol. II, Lisboa, Seara Nova (2ª ed.) e João Pedro Ferro (1988) "O processo de José Anastácio da Cunha (1744-1787)", in Inquisição: Comunicações apresentadas ao 1.º Congresso Luso-Brasileiro sobre Inquisição, Vol. III, Lisboa, Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII, pp. 1065-1086.

Sobre a vida e obra de José Anastácio da Cunha, consulte-se a edição de Maria Luísa Malato Borralho e Cristina Alexandra de Marinho (2001) José Anastácio da Cunha: Obra literária, Vol. I, Porto, Campo das Letras. Sobre esta carta em particular, veja-se o artigo de João Pedro Ferro (1987) "O processo de José Anastácio da Cunha na Inquisição de Coimbra (I), in História, 100, pp. 16 e 34"

Soporte um quarto de folha de papel escrito na primeira face
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fondo Inquisição de Coimbra
Referencia archivística Processo 8087
Folios 17r
Transcripción Leonor Tavares
Revisión principal Rita Marquilhas
Contextualización Leonor Tavares
Normalización Clara Pinto
Anotación POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2009

Javascript seems to be turned off, or there was a communication error. Turn on Javascript for more display options.

Barca 12 de Dezembro

Meu Joze querido faso esta a saver da tua saude pela obriguasam que tenho e jntamente saver se he serto hir do teu rigimento duas ou tres pesoas para o santo ofisio por diversas couzas e queuando nisto me falaram tambem te embocaro proguntaram se eu savia do teu viver que tinham noticia. de que a tua religiam era a mesma e que vivias como querias eu que disto desconfio e lembrando do mais que me tinham dito e dise que nam poderia aver pesoa mais temente a deus do que tu asim menino tomara saver o fim destas couzas e se he serto do mais que te relato eu fico com grande cuidado perdoa pelo amor de deos eu fazer esta carta mas se o asim nam fizera julgaria que seria a pesoa mais emdigna do mundo tenho esta obriguasam e mais ainda o que por papel nam poso espelicar se poderes nam me faltes com a resposta desta


Leyenda:

ExpandedUnclearDeletedAddedSupplied


Download XMLDownload textWordcloudFacsimile viewManuscript line viewPageflow viewVisualización por fraseSyntactic annotation