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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1631

1724. Carta de Isabel Pereira para o seu marido [Marcos Simão Perfeito], capitão de Infantaria.

Autor(es)

Isabel Pereira      

Destinatario(s)

Marcos Simão Perfeito                        

Resumen

A autora, instigada pelas revelações trazidas por dois frades conterrâneos, escreve dando novas ao seu marido, apontando ainda indicações de que conhece a situação em que ele se encontra.

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Meu Irmão do meu coraçam

hoje em quarta feira meado da quaresma foi pera mim dia de Pascoa graças a Nosso Senhor, que ha nove annos por mais deligencias minhas the as cinco horas da tarde de hoje mais não soube de vos se hereis morto se vivo julgai agora no discursso de tantos annos qual tera sido a minha alegria emtre tantas e tam innumeraveis doenças, que tive e alguma tam perigoza e tam perlongada que morrendo tantos escapei por mizericordia de Deos fora melhor morrer que verme metida em tantos trabalhos quantos Deos sabe e con tantas pennas pois deixandome de tam poucos mezes pessuida de vos julgarieis em mim o mais minimo discuido e que nunca jamais me passais da memoria, esta he a minha disconfiança mas a maior de que serieis vivo ou não; todos os annos vos tenho escripto sem sessar e Remetido a Bahia ao hirmão pellos homens destas Partes; e ao hirmão procurando muito por vos de que não tive Reposta nem notiçia alguma esta tarde dous Religiozos Antoninhos me mandaram chamar a Nossa Senhora de Nazareth aonde estão esperando por esta e lhe fui fallar com o alvorosso de ouvir noticias vossas cuidando serião por carta e letras vossas, que não quizestes aRiscar por eu não ter esse alivio e me contento com as noticias largas, que me derão de vos asim da vossa vida e saude como do bom procedimento e caridade pera com os Proximos que menos o não estimo porque talvez que por esse meio em tanto dezemparo me tenha Nossa Senhora acistido por meio de outros que cheios de caridade me ssocorem e a minha Mai que nunca lhe sahi da sua companhia e da sua obediencia e com minhas hirmans, e se acham hoje cazadas huma em sam Martinho outra nesta terra; e como os Padres me digam não

Não tivestes cartas minhas sermeha forsozo tornar a Repizar em alguma Parte notícias da minhas vida e he como ja digo ha seis ou sete annos derão as doensas em sam Martinho e na caza de meus Pais com tal excesso que todos cahidos meu Pai faleceo e o tio Joseph Lopes e eu fiquei tal daquella doença que tres ou quatro annos padeci tantas doenssas e nos achamos em tantas necessidades depois de não termos mais que vender nem quem nolo gainhasse nem em sam Martinho quem nos fizesse algum bem minha Tia Maria Pereira que vive nesta terra com seu Marido e seu filho Jozeph Pereira cazado compadecendoce de nós nos puxaram pera esta terra e juncto asi moramos vai pera tres annos mas com o seu pouco ter pouco bem ou nada nos podiam fazer e com o nosso trabalhinho tres molheres passavamos mizeravelmente e sendo notoria a nossa muita necessidade e honestidade fomos ssocoridas pella Mizericordia desta vila e haverá sinco ou seis mezes pella noticia que o Provedor della tinha de nós tendo em sua caza huns doentes me pedio lhe foce acistir aonde estive dous mezes que durarão as doensas em caza e conhecendo com mais induviduaçam da mizeria que pasavamos procurou comodo pera minha hirmão Alcanjara e a mim e a minha Mai temnos em sua caza tratandonos com a estimação e caridade, que he notoria e os dous Padres estavam muito bem imformados quando eu lhe falei do procedimento e vida deste sugeito João de Almeida que sendo cazado meteo a molher e as sobrinhas freiras vos suponho tendes delle noticia morou na Baihia veio de llá vinte annos com sua Molher hera muito conhecido de vosso hirmão João Ribeiro he filho desta terra veio da congregaçam de lisboa pera ella tem acistencia no hospital da Mizericordia tem a seu cargo os Pobres e doentes e he Provedor ha seis ou sete annos the aqui he noticia pello que toca a caza donde acisto e quãnto de mim a minha vida he Bem Notoria e como tenho a Deos a quem Reconheço por senhor e a vos por hirmão e marido não lhe sei Render as graças Permita elle darvos muita vida e saude pera meu alivio e Remedio que se ate qui me tenhais faltado o façais agora mais com a prezença que como propio Remedio pera a vida humana que em que com a falta deste me não tenhão faltado tribulaçoins pella divinna Mizericordia vou pasando e pasarei mas não sem vos pois que Deos Noso senhor vos fes meu ja me não atrevo com mais demoras espero me não falteis com a vossa carta pois novamente fico ardendo nas chamas de humas saudades: a Tia Izabel Pereira pera aqui veio ajuntarce tambem comnosco com o seu capello com João e Rodrigo esta tambem ja aqui está cazado e muito se vos Recomendam e a Tia Maria Pereira e Antonio Martins minha Irmão Maria e seu Marido a outra mora em sam Martinho como ja digo Minha Tia Maria gomes e seus filhos como tiverem esta vossa noticia ficaram muito contentes a minha Mai não vos digo mais de seu contentamento que dis lhe não esqueseis na continua devaçam de Nosa Senhora de Nazareth e santo Antonio e que sam tantas as saudades que dis não pode mais que não sabe se lhe durara a vida pera vos ver Nosso Senhor lha de e a vos como muito quero e todos nos vejamos como espero e pello amor de Deos aDeos meu Irmão do meu coraçam que muito vos goarde e esta senhora de Nazareth pera que vos traga sedo com muita saude

Pederneira de Março 22 de 1724 Irmam vossa muito do coração Izabel Pereira

os Padres me favorecerão com huã esmolinha do que dou tambem graças a deos


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