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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0662

[1754]. Carta de Francisco de São Joaquim, frade, para Maria do Espírito Santo.

Autor(es)

Francisco de São Joaquim      

Destinatario(s)

Maria do Espírito Santo                        

Resumen

O autor pede à sua amada para não dar confiança a uma vizinha, dando-lhe instruções de como deve agir para evitar o contacto estreito.

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Senhora

E minha querida May da minha alma e vida do meu coração e sustento da mesma vida se vmce pello que divizey se apartou da Igreja saudoza tãobem eu fiquey sentindo hua penna sem igual que se Deos me não ajudava não sey o que havia de ser de mim e asim pessolhe que se não esqueça de me ajudar em pedir a Deos me despaxe a petição que lhe tenho feito que so asim poderão os nossos coraçoens ter algum refrigerio senão viviremos em hum terrivel purgatorio mas se for vontade de Deos facasse que eu o que sinto he vella padeçer e não a poder comsolar vella cheia e cercada de inimigos e não a poder livrar vella metida emtre gente falssa e imgrata e não a poder retirar de semilhantes companhias porque asim como eu vivo estou muito prezo e não posso fazer o que devo e dezejo Ora senhora como vmce me contou que a sua vezinha vay comversar com a sua madrinha ha de me dar licença para lhe dizer o que emtendo he comveniente a sua pessoa e a minha tãobem e não se ha de aflijir porque se o quizer fazer fas o que nos comvem e se não quizer não importa terey paciençia ainda que eu padeça algua cousa Deos me ajudara e o que eu padeçer sera para pagar as ofenssas que a Deos tenho cometido e asim digo a vmce que ja Deos esta declarado em que lhe não comvem a amizade da sua vezinha nem lhe está bem fazerlhe os favores que lhe tem feito e a rezão he porque ella se esquesse logo do bem que lhe fas e não se aproveita dos auxillios que Deos lhe tem dado agora ja não tem desculpa porque ja a avizarão e lhe diçerão quem vmce hera e quando la dormio vio que vmce fes de noute que se lhe permitio isso para seu dezemgano e ella o que fas vemos nos vay para caza da outra e ella la ha de lhe tirar tudo da lingua porque a outra he mui sabida e ella he tolla e ha de fazella hir outra ves a emquizição e ha de atrapalhala e ha de então perniar e vir ter com noses e eu não lhe hei de valer porque não lhe hei de dizer nada porque como he tolla não quero que me va emcravar ella vay la contar o que nos fallamos e o que fazemos e asim ha de a madrinha levantarme outro emredo e com a vezinhança veja vmce então se lhe pareçe bem fallar com ella ou servilla e dar lhe hua cousa e outra e ella então hir murmurar de nos vmce se a consentir em sua caza deitame a perder ou poemse no perigo de ella armar algua com que eu la não possa hir veja vmce o que quer se quer comservalla a ella ou a mim vmce o que ha de fazer de hoje em diante he não hir com ella a parte algua ainda que ella queira diga que eu que não quero porque asim não fas mal a nimguem nem a mim mo farão e que se for ma que o quer ser so e que não quer quem lhe vejie a sua vida e quando eu la for ha de me dar licença para lhe dizer diante da senhora sua May que se ella for a caza de sua madrinha não ha de vir a sua eu estimo que vmce lhe desse o Rozario para ella lho ver e saber que o não tenho

Não lhe ha de aceitar nada e se ella se queixar muito embora he milhor tella por inimiga do que por amiga e se vmce quando ella levou as meias e os sapatos me deixara darlhe o recado ella andara mais direita mas vmce quer servir a todos e ao depois em paga que fação escarne de nos isso não me esta bem andar em boucas do mundo sem naçeçidade isso não pode ser nem a palmilhadeira não va la muitas vezes que o que me pareçe que ella mais quer comversar do que emendarse olhe emquanto vmce se não acustumar a estar em sua caza não fas nada milhor he padeçer na sua caza que servir as alheias e ter por paga emgratidoens va a sua Missa a comfição a algua Igreja adonde haja festa venha ate ca e eu vou la estamos sos escuzão os vezinhos saber o que lhe digo nem o que lhe dou falem de fora quanto quizerem mas não vejão nem oução va ver as suas vezinhas quando estiverem doentes sirvas se lhe poder fazer algua cousa e logo para caza comversas nada porque mais valle ser dezejada que aborrecida e fazendo vmce isto deixe o mais por minha conta e se for fora ha de ser com Joze ou com sua May e se vmce não poder fazer isto nem for do agrado de Deos então não quero que o fassa e pode dizer a sua vezinha que digo eu que se for a caza de sua madrinha e lhe assuceder algum trabalho que ha de ter paçiençia que eu não lhe hei de valer e para isso ja a avizo para que não diga que não sabia que veja la o que fas digalho asim emquanto eu la não vou e tenha vmce a certeza que eu não hei de perdoar a nimguem em materia de credito não posso de Deos lhe venha remedio para isso avizea da minha parte o negoçio esta na nossa mão pello favor de Deos quem quizer ser vilhaco ha de pagalo eu não fasso mal a nimguem se mo quizerem fazer hei de me livrar que asim o manda Deos e muito mais que Deos temme aqui para defender a sua pessoa ate donde poder e o senhor mo permitir senhora agora depois que disse Missa e vmce me vio no coro me chamou o meu guardião todo asustado e me disse que hua mulher parda que os comfessores a não querião absolver por me não ter hido denunçiar por eu dizerlhe que vmce hera hua santa e que falava com o Menino Jezus que lhe punha e tirava o anel no dedo eu conteilhe a historia toda ficou mais socegado e ainda tenho mais que lhe contar para elle não ter susto porque ella o que quer he que elle me não de licença para não hir falar com vmce como se emgana Disgraçada como que ella pode mais do que Deos quando o Guardião soube que eu ja tinha hido a emquezição e lhe mostrey o papel mas não o leo ficou mais socegado vmce pessa a Deos que elle me de licença que eu por isso mesmo quero la hir veja vmce como sabe dis que ainda não fora a emquizição e que os comfessores he que a obrigão diga a Thareza que se meta com ella e vmce comversse com a Thareza não lhe fale mais nem se me falou nem adonde vay nem nada senão bons dias como esta e mais nada

não tenha susto que nos ha de asuceder mal nenhum senão cada ves milhor


Leyenda:

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