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Maarten Janssen, 2014-

CARDS2124

[1668]. Carta de Caetano, possivelmente familiar do Santo Ofício, para Sebastião Baptista, Inquisidor.

ResumoO autor escreve a um Inquisidor comentando informações que um fidalgo lhe tinha enviado
Autor(es) Caetano
Destinatário(s) Sebastião Baptista            
De S.l.
Para S.l.
Contexto

Este processo diz respeito a Bernardo António, cardador, natural do Pinheiro, morador no lugar do Cubo, freguesia de S. Julião, concelho de Azurara, Bispado de Viseu. O réu foi preso em 20 de fevereiro de 1666, acusado de bigamia. Tinha-se casado com Luísa João na Igreja de S. Julião, e os dois viveram maritalmente durante quatro ou cinco anos. Passado esse tempo, a mulher ausentou-se para Lisboa indo viver com um irmão, João Tavares, sapateiro, casado e morador na Rua da Padaria. Este irmão de Luísa João também era homem de pé de algumas pessoas, tendo servido a Luís Correia da Silva, sumilher da cortina de Sua Magestade, e a Manuel Correia, Senhor de Belas. Luísa João passou, assim, a trabalhar em casa de Sebastião da Costa, escudeiro do Senhor de Belas. Em 11 de fevereiro de 1666, quando foi chamada a depor, a mulher disse ter trinta anos de idade e ter passado a usar o apelido Tavares. Disse que se separou do marido por ele a querer matar, já que tinha outra mulher. Segundo Luísa João, o marido terá fugido, levando tudo o que ela tinha. Daí ela ter decidido ir para perto do irmão em Lisboa. Estando a mulher em Lisboa, Bernardo António casou-se segunda vez com uma mulher do lugar de Santa Marinha da Serra, do Bispado de Coimbra. Para tal efeito, conseguiu uma certidão falsa da morte da primeira mulher.

contada peloréu, a história é diferente. Bernardo António, ou Lopes, como também se identificou no depoimento, disse que depois de um ano de casado com Luísa João, saiu de casa porque ela fazia uma vida desonesta com vários homens. Passados alguns meses depois de ter querelado da mulher diante do Corregedor, acusando-a de adultério por viver amancebada com um clérigo de nome Britaldo de Gouveia, ela fugiu para Lisboa por temer ser presa e castigada pela culpa de bigamia. Passados cerca de sete anos, soube por intermédio de Manuel Marques, solteiro, natural do lugar de Vila Gracia do Bispado de Viseu, que a mulher tinha ido para o Hospital Real de Lisboa e que lá tinha acabado por falecer de "Boubosa". Procurando informar-se no Hospital, um enfermeiro, de nome Francisco Correia, disse-lhe que não sabia se a mulher tinha realmente falecido. Foi então que um filho desse enfermeiro lhe disse que se lhe desse dois cruzados, ele lhe daria uma certidão autêntica da morte da mulher, e foi o que aconteceu. Depois, quando tentou usar a certidão e não conseguiu por ela não estar bem feita, voltou a procurar o mesmo moço e deu-lhe mais um cruzado para ele fazer outra, esta já reconhecida por sete tabeliães. Em seguida, voltou para a sua terra e casou com Ana Rodrigues, filha bastarda de Pedro Marques, lavrador, natural de Tourais no concelho de Ceia. No segundo matrimónio, celebrado pelo cura Simão de Abrantes na igreja de Santa Marinha, mudou o seu nome para Bernardo Lopes. À data do depoimento, o réu estava casado com a segunda mulher havia quatro anos.

Recebeu por penitência ir ao auto da fé e nele fazer abjuração de leve suspeito na fé, sete anos de degredo para as Galés a servir ao remo sem soldo, açoites pelas ruas da cidade, penitências espirituais, instrução nos mistérios da fé e pagamento das custas. Contudo, a pena foi comutada em degredo para o Brasil em 30 de janeiro de 1668.

Suporte meia folha dobrada escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 5511
Fólios [7a] r
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Clara Pinto
Modernização Clara Pinto
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2009

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Snor Inquizidor

Cypriano de Figueiredo de Tourais hum fidalgo, que Vm deve conhecer, deve ser mais scrupulozo, q eu, e me meteu em huma carta essa al-ma, q vai, que pode ser sirva, ha não levo em pessoa por estar mto manquo, mas no Serviço de Vm pa o q me man-dar. a quem nosso Snor gde. casa 2a fra

Caeto

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