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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0303

1660. Carta de António Barreto de Lacerda, soldado, para a sua mulher, Ana de Oliveira Carvalho.

Autor(es)

António Barreto de Lacerda      

Destinatário(s)

Ana de Oliveira Carvalho                        

Resumo

O autor pede à mulher que lhe dê a sua parte da fazenda uma vez que já se encontra casada com outro homem.
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A senhora Anna doli veira de Carvalho gde||guarde Ds||Deos mtts||muitos a||annos Snra Anna d oliveira de Carvalho

os desgostos de Vm senti sempre mormente os que oje tera por rezam do estado que quis tomar tam sedo E no cabo fazer Vm em que me nam conheçe por seu marido E pera me conheçer quis fazer esta carta pois nam acabo de emtender sua temsão E asim que nella lhe dou parte em como sou Anto barto de laserda cazado com Vm filho de Antonio nunes Barreto sobrinho de IzaBel fereira cardoza E Vm filha de costodia de gouvea de carvalho que meu pai me cazou Com Vm estando eu em montemor o velho e se recebeo no loreto jeronimo de tovar em meu nome com Vm per Cuja percurasam minha E dahi se foi mais sua mai E mais seu irmão Anrique d oliveira E mais seu irmão manoel E meu pai pera montemor o velho e dahy a hus tempos se fui pera la sua irmam Luiza de gouvea com seu marido frco fra da silva, E logo dahy a hus tempos morreo sua irmam Luiza de gouvea E quis seos E meos pecados que morrese logo sua mai minha sogra E meu pai donde fiquou minha tia Izabel fra cardoza E seu irmão anRique d oliveira E manoel frco Barto meu irmão E mais de Vm E nos viemos pera esta vila de pera essas cazas q se me derem em dotte na Rua das flores com o mais que se sabe me vem a ser trinta alqueires de trigo que paga caterina de sande E trinta que pagam em Simtra dos trinta de sintra vendi eu E mais Vm dezanove a domingos correa corrieiro na correaria, E daqui bem sei os malles que fis cauzados per Roiz companhias E me fizeram ir pera o Brazil e sei que fis couzas mal feittas mas deos perdoe a essa boa tia minha que pera mais me foi dizer a nao adonde estava que fizesse huã procurasam a Vm E que me aviaria donde fis a percurasam e foi como negro sem me verem mais E outras muttas couzas que Vm e ella me fizeram E dipois de eu estar no Brazil dous Anos me escreveo Vm huã carta em que nella me dezia que minha tia era mortta E meu irmao frco Barto na india e caterina de sande que comia o trigo por o conhecimento que eu lhe deixei E outros muttos sinais que darei quando for tempo,

Agora acabo de contar meus trabalhos que foi pasar ao Reino de amgolla E me Roubarem na altura da baia achei esta frotta en q nella vinha capitam filho dos caldas que conheseo a meu pai E a mim de pequeno me vim com elle como quem vinha pera sua caza nam sabendo o que avia, chegando a esta terra percurei por Vm E me diseram em como estava viuva E que cazara e pera milhor me fui a outra Banda e falei com andre pereira de sortte senhora que tempo he de estar vingada de mim pois temho pasado tanttos trabalhos sendo que Vm foi cauza delles que Bem o sabe que nam era tam menina, fui ter Anrique d oliveira dise me que me nao conhesia mas se eu trouxera fazenda elle me conhesera e lhe lembrara que o primeiro fidalgo com quem elle esteve na numsiada fui eu seu fiador E Vm me conhesera por marido, mas Comtudo senhora veja o que quer q eu fasa ou determina porque o determinarei por outra via porque lhe lemBro que ha castigo no seu e ha de aver justisa na terra pera quem o mereser E quando queira estar so com sua filha e filho me de a metade de minha fazenda pois me cabe por direito E Vm fique com seus filhos que eu me quero tornar pera o brazil ou pera donde deos me aindar pois tam sedo se foi cazar sendo eu vivo, mas perdoe deos as testemunhas que foram jurar mas tambem ellas teram seu castigo com isto me parese que basta E espero sua Reposta pera que comforme ella me fazer em o que for rezam E justisa não serve de mais A quem deos gde feitta oje dezoitto de fevereiro da Era de mil e seissenttos e sesentta Anos destte marido de Vm

Anto Barto de laserda

Legenda:

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