PT | EN | ES

Menu principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

Guardar XML

1777. Carta de Silvestre Rodrigues Caparica, oficial de pedreiro, para Pedro Rodrigues, capitão.

ResumoO autor pede a um capitão que interceda junto do seu pai para que ele assuma ser o verdadeiro João Rodrigues Caparica.
Autor(es) Silvestre Rodrigues Caparica
Destinatário(s) Pedro Rodrigues            
De Portugal, Lisboa, Santa Isabel
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Este processo diz respeito ao réu João Rodrigues Caparica, natural da Sobreda (Nossa Senhora do Monte da Caparica, Almada), morador na Praça de Farim, em Cacheu (Guiné-Bissau). O réu foi acusado de bigamia por ter casado, pela segunda vez, com Tadeia Varela, natural da Guiné, estando ainda viva a primeira mulher, Bárbara Francisca Xavier, com quem teve três filhos, Silvestre Rodrigues Caparica, oficial de pedreiro, e duas meninas, Januária e Justina, ambas falecidas.

João Rodrigues Caparica era pedreiro na Caparica, mas fora degredado por ter cometido um homicídio. Segundo alguns testemunhos, já tinha sido condenado por injúrias e insultos. Segundo consta do processo, por se ouvir dizer que João Rodrigues Caparica se encontrava em Cacheu e que havia casado com uma nativa, Silvestre Rodrigues Caparica, de 34 anos, seu filho, decidiu pedir ao capitão Pedro Rodrigues (PSCR0523), também do lugar da Caparica, que ia para Cacheu, para confirmar a história. O capitão, junto de João Rodrigues Caparica, soube que este tinha nascido em Setúbal, que não tinha qualquer relação com a freguesia da Caparica, que havia tomado o apelido Caparica e que tão-pouco era pai de Silvestre Rodrigues Caparica, pelo que não poderia ser o homem que procuravam. Soube também que o mesmo conhecia um outro João Rodrigues Caparica, que havia morrido em Cabo Verde.

Bárbara Francisca Xavier, de 54 anos, disse em seu testemunho que, havia 33 anos, se tinha casado com João Rodrigues Caparica, o qual era filho de Pedro Rodrigues e de cuja mãe não lembrava o nome, e que ele tinha sido degredado há 17. Inicialmente, tivera notícias dele através de cartas que ele mandava escrever por não saber fazê-lo e, por isso, sabia que ele estava em Cacheu. No entanto, já não recebia cartas há cerca de 15 anos, tendo sabido por um trabalhador que ele tinha casado com uma negra.

Bernardo de Azevedo Coutinho, capitão-mor e autor da carta PSCR0522, morador em Setúbal, na Rua "das Retroseiras", da freguesia de Nossa Senhora da Conceição, de 45 anos, também tinha morado em Cacheu. Disse saber que o réu era lá casado com outra mulher e que tinha filhos com ela. Disse também que recebera pedidos de um filho de João Rodrigues Caparica, a pedir-lhe que escrevesse ao seu irmão, Francisco José de Azevedo Coutinho, que se encontrava a morar em Farim, para pedir ao pai que lhe enviasse notícias. Segundo ele, nunca houve resposta a estas cartas. A carta dirigida a Francisco José de Azevedo Coutinho (PSCR0522) foi encontrada durante o inventário dos bens do mesmo, após a sua morte.

João Rodrigues Caparica foi preso a 10 de junho de 1780, mas acabou por ser libertado logo a 16, por se ter concluído que houvera confusão, não se tratando da pessoa que procuravam, mas de outro homem com o mesmo nome e com uma história de vida muito parecida, mas filho de Pedro Rodrigues.

António José dos Santos, padre, ficou procurador do réu por este não saber ler nem escrever.

Suporte duas meias folhas de papel não dobradas, a primeira escrita em ambos os lados e a segunda apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 1485
Fólios 112r-113r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2301380
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Selecionar o formato de download

Pure TEI P5 XML
TEITOK XML