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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1703. Carta de Beatriz Mendes para o seu marido, António Dias Marques, tratante.

ResumoA autora pede ao marido notícias suas e manda lembranças da família.
Autor(es) Beatriz Mendes
Destinatário(s) António Dias Marques            
De Alentejo, Évora, Alandroal, Terena
Para Angola, Luanda
Contexto

Este processo diz respeito a António Dias Marques, tratante, cristão-velho de 33 anos de idade, natural de São Marcos de Campo, Aldeia da Venda (Évora) e morador em Luanda (Angola). Filho de Bernardo ou António Dias (lavrador) e de Catarina Rodrigues, o réu foi acusado de bigamia por se ter casado primeira vez com Beatriz Mendes, a 23 de julho de 1700, e depois com Leonor Vieira de Lima, filha do sargento-mor Roque Vieira de Lima e de Esperança (uma escrava forra), com a qual viveu durante um ano e teve uma filha chamada Guiomar. Segundo consta do processo, o réu foi preso por vender tabaco e, quando estava na cadeia de Monsaraz, decidiu casar-se com a primeira mulher para fugir ao degredo para a Índia, uma vez que a tinha desonrado. Os dois não chegaram a fazer vida marital nem tiveram filhos juntos. Depois de casado, o réu foi enviado para o Limoeiro e, tendo aí adoecido, pediu para ir para Angola, para onde foi degredado. Em Angola, o réu conheceu a segunda mulher e pediu ao capitão Francisco Machado Pinto, seu padrinho do segundo casamento, que o ajudasse a fazer correr os banhos. Numa dessas diligências, foi enviada uma carta a Domingos Lourenço Perdigão, padrinho do primeiro casamento, para que este agilizasse todo o processo. Este não só respondeu dizendo que o não faria (PSCR0591), como repugnou os ditos banhos. No entanto, o réu conseguiu casar-se com a segunda mulher e só depois de os banhos chegarem com o impedimento do primeiro matrimónio foi preso e confessou o crime. Em auto da fé de 30 de junho de 1709, foi condenado a abjuração de leve, açoitamento público, degredo por cinco anos para as galés, penitências espirituais e pagamento de custas.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 6150
Fólios 20r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306195
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2015

Page 20r

[1]
Meu Esposo E querydo anto dias mel

Mto estimarei que estas de

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lymytadas regras vos
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achem com prefeita siau
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de asim como Eu pa myn
[5]
dezejo a que me asiste
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de prezente he boa Desas
[7]
gracas en que muy peza
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roza de não ca mais ter novas
[9]
vosas de nam ter jamais
[10]
reposta se sois morto ou vy
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vo que sey se he por
[12]
falta de portador se he por
[13]
falta de descudo ou falta
[14]
de papel Esposo E querydo
[15]
novas tive que estavãns
[16]
em yngola que o sey
[17]
de serto por não ter carta
[18]
vosa com que asure se a
[19]
cazo Esta vos for a mão
[20]
ynfinyto vos encareso
[21]
que me escriveis o estado ou vyda que tendes que Eu
[22]
farto cudo tenho en andar nos vosos travalhos e nos meus mas
[23]
muy desconsolada de não ter novas vosas E o despois que saistes
[24]
do limoero que tenho Escrevydo três ou coatro cartas he
[25]
de nenhuã sey se vos a hydo a mão agora se acazo esta
[26]
vos for a mão E o estimarey mto a quem Escrevey mtos re
[27]
cados vos manda voso sogro que Estamos clamando
[28]
a Des nosso senhor que vos tragua A estas theras em
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pas e em salvo que numca sesamos de cudar a fertu
[30]
na que averey tido vosa cuynhada ma mdes vos manda
[31]
mtas lembranças com isto não sou mais largua se nam
[32]
que Des vos gde mtos anos en Yngola feita de abril 10
[33]
de 1703 anos

[34]
Desta vosa Mulher
[35]
Breatis mdes que
[36]
mto vos deza he ama

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