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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1770]. Carta de Inácio José Boino para Manuel Caetano Soares, escrivão.

ResumoO autor dá orientações ao destinatário relativamente a uma escritura; está em causa um processo de compra e venda de propriedade rústica a partir do celebrado verbalmente entre as partes.
Autor(es) Inácio José Boino
Destinatário(s) Manuel Caetano Soares            
De Portugal, Setúbal
Para Portugal, Setúbal
Contexto

O presente caso reporta-se a duas marinhas, a propósito das quais Maria Lourença deu origem a autos de petição. Situadas no casal que pertenceram a sua filha Valentina Teresa Leocádia, no sítio de Espim do Norte, a sua repartição consistiu num total de 213 moios de sal. As alegações da requerente cingiram-se aos termos da sua avaliação: "Que estas ditas marinhas são de águas mortas, e estão cercadas de outras, no meio das suas circunvizinhas, em melhor parte, lavadas dos ares, livres das ruínas a que estão expostas as que confinam os seus muros com os esteiros das águas, e por isso sem apensão de foros". Valeriam, pela sua natureza e localização, 15.000 réis por moio, conforme se achava regulado para a tipologia das marinhas de águas mortas. Com efeito, esta justificação de matéria cível foi movida com o intuito de as suas marinhas possuírem idêntico valor e não menos, devido a uma série de fatores: por não serem foreiras ou sujeitas a qualquer tipo de pensão, não estarem situadas em lugares expostos a quebradas ou também por não se extrair dali má produção.

A carta aqui transcrita alude a certas diligências de carácter administrativo, muito particularmente a concretização de uma escritura. No seu verso encontra-se o registo de exame de corpo de delito de um furto nas casas do mercador João Félix da Costa, morador no Sapal (Setúbal). A vítima reportou o sucedido na manhã do dia 17 de certo mês no momento em que, descendo do sobrado para a loja, achou a porta de acesso aberta. Na loja deu conta da falta de duas peças de veludo, peças de cetim, outras de seda, dinheiro e ouro, ascendendo a um total avaliado em 350 mil réis. Logo abaixo, junto ao sobrescrito, apresentam-se algumas contas.

Tanto quanto nos foi possível apurar, não existe uma relação evidente entre o teor do litígio com esta carta, ademais em fólio solto. Não obstante, constatamos ser dirigida ao escrivão dos presentes autos, o qual se encarregou de redigir, a partir de sua própria casa, diversas peças constantes neste documento judicial. De salientar a relevância deste manuscrito epistolográfico como evidência das relações interpessoais no plano institucional e da comunicação do cidadão com a instituição judicial, pela demonstração das funções inerentes ao exercício do ofício de escrivão do judicial face às demandas e interesses de particulares.

Suporte meia folha de papel escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Distrital de Setúbal
Repository Juízo de Fora de Setúbal
Fundo Autos cíveis de petição
Cota arquivística 12/0038/1470
Fólios [1]r e v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

Page [1]r

[1]

srne Manuel Caetano Suares estive hoje

[2]
jironimo fardam esta por tudo q vme me di
[3]
cy Como custume e darse por citado e julgar
[4]
se por sentensa a divida dos treztos mil reis
[5]
pois dicy q a sua palavra Bastava pa vmc
[6]
hir dezer lho pesualmte mas a duvida
[7]
q aquy ouve foy o não saBer se a vmc lhe to
[8]
caria a escreptura pela estreBuiCão nestes
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termos peso lhe haja de fraustino a sirtidão
[10]
pa asim vmc lavrar as escreturas e terar
[11]
Remeto as Comfortasois da fazenda e o escripto
[12]
da Conpra Com as clauzulas estaBalecidas
[13]
e na mesma escretura ha de vmc declarar
[14]
o hele pagar a decima a sua Conta q tudo
[15]
isto esta falado na Boa amizade de pte a pte
[16]
e expro de vmc toda a Boa Seguransa ao
[17]
meu dinheiro asim Como os mais o fazem
[18]
por menos quantide ds gde a vmc ms anns

[19]
de vmc o mais oBrigdo
[20]
Ignacio Jozé Boino

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