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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1770-1772]. Carta de Bernardo da Silva do Amaral, padre, para Ana Maria de Jesus, freira.

Autor(es)

Bernardo da Silva do Amaral      

Destinatário(s)

Ana Maria de Jesus                        

Resumo

O autor, padre, aconselha a destinatária a não tirar a sobrinha de sua casa, assegurando-lhe que não há razões para escândalo.
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[1]
Sra Ana Maria mto ma Sra

Dezejo a vmce toda aquela paz, e socego; todos aqueles alivios, to-

[2]
dos aqueles augmentos spirituaes, e graças Divinas, q pa mim
[3]
mesmo posso pedir, e rogar a noso Bom e Todo poderozo Ds

[4]

Sra Vmce me perdoe a confiança de lhe escrever; e pa este

[5]
perdão me pode valêr a intenção, com q pego na pena: e vem a ser
[6]
socegar a Vmce, atender pelo seu bem, e de sua sobrinha; e sobre
[7]
tudo obedecer, a qm governa ma alma, e agradar a meu Ds

[8]

Tod o cuidado de Vmce, tod as razões suas, e de outras pesoas pa

[9]
persuadir a sua sobrinha, q largue pa caza, pa onde veyo; se fun-
[10]
dão no reparo, na nota, e escandalo do mundo. Não he isto verde
[11]
não tem duvida; pois asim o diz a sua carta, asim o dizem ou-
[12]
tros, ainda pesoas Reliozas: pois sabendo eu mta couza (q na
[13]
da no mũdo vem sempre a estar oculto, como diz Jezus Cho) nun
[14]
ca tive noticia se falase, ou suspeitase mal de sua sobrinha
[15]
por estar onde está, nem por se comunicar comigo. He verde q
[16]
sujeito houve, q a infamou: porem como odio, paixão, e ma vida
[17]
do tal sujeito são couzas claras, e notorias, e q á mesma virtu-
[18]
de de sua sobrinha tem aversão: ja se ve, q nenhũ homem
[19]
prudente deve fazer cazo dos ditos; ou pa milhor dizer da
[20]
vontade da tal creatura. N Sr de a este homem mil bens; os
[21]
quaes todos os dias lhe peço, e eu sempre lhe perdoei, e perdo-o de
[22]
todo meu coração os gravisimos testemunhos, q me tem levantádo.

[23]

Como pois o escandalo do mũdo, o meterem-se almas no in-

[24]
ferno (como Vmce diz) por estar sua sobrinha na caza, onde mo-
[25]
ra; he todo o alvo dos seus cuidos, escrupulos, e deligencias: peço-
[26]
lhe Sra Ana Maria pelas chagas de Jezus Cho me ouça com
[27]
atenção nesta carta. Bem dezejava eu falar com Vmce; mas como por
[28]
ora não pode ser, peçolhe ouça as ptes, emqto Vmce me não con-
[29]
cede licença de me por a seus pes na sua prezença.

[30]

Pronũciar sentença sem ouvir as ptes não he licito, não he

[31]
bom; he antes prejudicial, e reprovado por todos Direitos natural,
[32]
e positivo. Sua sobrinha de Vmce estava morãdo em tal caza, tal
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penuria, e tal dezãparo temporal, e spiritual, qual direi; pa q se
[34]
abrão os olhos a razão. Primeiramte vivia so, sem companhia al-
[35]
guã. Oh juizos humanos! Huã moça de poucos anos estar so em
[36]
huã caza, sahir so; indo so onde lhe era prescizo: isto não cau-

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