O autor queixa-se ao destinatário, o corregedor da comarca de Torres Vedras, de João Pimentel, que, tendo aforado recentemente uma propriedade no Bombarral, destruíra um antigo caminho público que a atravessava.
[1] | permetelhe amor, e dinheiro, pede-lhe huma certidão de filho obedien-
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[2] | te, passalha o extontiado Pay, falo melhorar pouco de fortuna, percegue a
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[3] | Madrazta depois de viuva athé a morte; porem com huma certidão fal-
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[4] | ça foi desmentir hum conto verdadeiro. Este Irmão Reytor foi
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[5] | dezacomodado pello mesmo em Lisboa para vir ser aqui Parroco, e
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[6] | para a sua caza, onde não esteve 24 horaz porque trazendo comsi
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[7] | go, ou por caride ou por tolice hum menino de quatro annos, filho de
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[8] | Pais mto honrados, a quem o tal João Pimentel conheçia e hera obri
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[9] | gado, expalhou o tal Pimentel nesta freguezia que o rapaz era
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[10] | filho do Irmão dezacreditando, e injuriando aleivozamte os seus ver
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[11] | dadeiros Pais, e correndo por estes contornoz a noticia mandou o Rey
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[12] | tor a Lisboa buscar a Certidão do Bauptismo, que leo aos seus fre
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[13] | guezez no Lugar, em q lhe faz az estaçõens. O mesmo João Pimentel
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[14] | tem Taverna, e tenda onde os pezoz, e medidas todos são falceficados,
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[15] | manda deitar e deita muita agoa no vinho, e quando se vay algum cria
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[16] | do, que desconfia contará esta manobra, publica que o despedio porque
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[17] | furtava ao povo. Hum tal homem aforou a 8 annos ao Hospital das
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[18] | Caldas hum prazo, daqui vem o motivo originario da questão, e já fiz
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[19] | conhecer a VSa pello que fica dito a boa fé que se pode esperar delle:
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[20] | Estava o dito prazo perdido, plantoulhe huma boa vinha, e hum
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[21] | carreiro de pé posto, que havia sobre a mota do ryo cuidou logo
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[22] | em embaraçalo, neste cazo o povo costumado aquelle tranzito fez-
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[23] | lhe atraveçadoiro pella vnha, recorreo aos meios da justissa pozeram
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[24] | se editaes, veio o Juis de fora fazer a vestoria porparousse o intereça
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[25] | do com teztemunhas porparadas por elle, que hé iminente em az porso-
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[26] | adir em jurarem, o que elle quer, não tiverão ocazião de falar; porque
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[27] | nimguem se opoz; da mesma sorte que tendo huma fazenda chamada
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[28] | a Gafa, e fazendo nella hum valado imenço ficaramlhe dentro gran
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[29] | dez pedaços de fazenda de Jozé Cordro da Sa Torrez, de Leandro Lavra
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[30] | dor, de hum Almeida Empheteuta do Marquez de Angeja, e de Jozé
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[31] | Ribro das Lamaz, todoz se queichão, maz athé aqui elle oz defructa.
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[32] | Eu devo explicarme a VSa eu não sei se a ley dos atrevessadoiros
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[33] | está a favor deste homem, só não tenho duvida que a caridade, e a rezão
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[34] | está ofendida por este porcedimento, se huma pessoa habil, e intiligen
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[35] | te falasse pello povo na ocazião da veztoria devia dizer que o carreiro
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[36] | de pé posto sobre a mota do ryo huma vez que fizesse o mesmo, que
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