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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1798]. Carta de Martinho Afonso Henriques de Melo para José da Cunha Fialho, corregedor da comarca de Torres Vedras.

Autor(es)

Martinho Afonso Henriques de Melo      

Destinatário(s)

José da Cunha Fialho                        

Resumo

O autor queixa-se ao destinatário, o corregedor da comarca de Torres Vedras, de João Pimentel, que, tendo aforado recentemente uma propriedade no Bombarral, destruíra um antigo caminho público que a atravessava.
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[1]
Frco da Fonceca praticou com outra q vezinha tapando-sse mto
[2]
bem, deichando ao povo aquelle pequeno secorro, secorro que os mais antigos
[3]
herdarão por huma posse immemorial, secorro, que todos sabem que a
[4]
inda naz grandez inchentes deicha passage Livre para duaz pontes
[5]
az gentes que do sanguinhal quizerem vir a ezta terra buzcar não
[6]
comestiveis, maz cirurgião, e Botica, e emfim devia fazerlhe aprezen
[7]
tar o Tombo do prazo, que segundo julgão oz antigos não demarcado com
[8]
o Ryo, maz sim a mota que fica Livre a serventia do povo, como
[9]
se emudecerão todoz não tirou o caminho, maz formou huma valla
[10]
de 80 palmos de alto, e 10 de largo sobre elas uzurpado a hum menino
[11]
filho do capam mor da Lourinhã para o que mudou marcos, e asim forte
[12]
ficado disse a João Crespim que agora os passageiros ou passassem pello
[13]
Inferno ou morressem afo
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gados no ryo; e isto asim feito entrou a espalhar pello povo que as terras des-
[15]
ta caza, que ficão do outro lado do Ryo q erão obrigadas a serven
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tia, contra a verdade, e athé contra a rezão natural: neste cazo foi
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percizo que o procurador de minha sobrinha fizesse hum requerimento,
[18]
para embaraçar esta novidade, e seguiosse o Edital, e a este o Cartáz
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do Pe Reytor.

[20]

Devo dizer a VSa hum incidente, que me ma

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gou extremamente: na noite do dia, em que se pos o Edital re
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lativo a esta caza, entulharão huma pequena porção da dita val
[23]
la, e diz o dito João Pimentel, que lhe deicharão ficar huma carta
[24]
em que o dezcompunhão mto e ameaçavão: eu que conheço a aleivo-
[25]
zia daquelle homem senti logo o meu espirito aflicto, porq sem
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embargo, do que aquella acção era propria de canalha disse a
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mim mesmo em segredo, que o meu nome seria talvez ultrajado
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dizendo o tal Pimentel que eu lhe mandaria fazer aquella obra pa
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mim tão indecoroza, e tão ofenciva a honra, que todos sabem, com
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que eu tenho vivido: não me consta comtudo que elle diga cla
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ramente o meu nome, o que eu dezejava saber, mas quaze que
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o explica. Se tenho pervenido a VSa tambem o tenho emcomodado, torno a
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rogar a VSa que desculpe a hum doente, que athé não pode fazer ezta por mão
[34]
propria. Eu jámais fui, nem quero ser algóz de pessoa alguma, mas
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em taes circonstancias calarmehei? Se VSa quizer emformarse da scena
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que passei com o Reytor, de dois Religiozos, que estavão comigo, hum que
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se chama Fr Jozé da Soledade asiste nesta terra. Devo adevertir a VSa
[38]
que tal e qual João Pimentel alguma gente canalha tem devoção
[39]
com elle, todoz sabem quanto eu tenho referido a VSa, maz ainda mal
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poucoz são capazes de juralo. Se VSa ouvir Franco da Fonceca

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