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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1822]. Carta de Gertrudes Rosa da Conceição, presa, para António José Ferreira, caixeiro, também preso.

ResumoA ré, presa, informa o amante das condições em que se encontra e do modo como o processo decorre.
Autor(es) Gertrudes Rosa da Conceição
Destinatário(s) António José Ferreira            
De Portugal, Lisboa, Cadeia do Limoeiro
Para S.l.
Contexto

Francisco Ferreira, merceeiro, acusa a mulher de adultério. Quando o marido estava fora (testemunharam os criados), Gertrudes acolhia no seu quarto António José Ferreira, caixeiro do marido. Como sinal de presença, António José Ferreira atirava moedas à janela, e então Gertrudes abria-lhe a porta que dava entrada para o escritório. As cartas trocadas entre os amantes eram levadas por um moço de recados que foi espancado por António José Ferreira assim que se ouviram os primeiros rumores do crime. No dia de Entrudo, Gertrudes mandou toda a família e os criados para casa de um vizinho para poder receber o seu amante. Porém, uma das criadas precisou de voltar a casa e encontrou-os em «ações indecentes». Mesmo depois de presos, Gertrudes e António José continuaram a trocar correspondência, agora na cadeia do Limoeiro. As cartas foram apreendidas e nelas se insinuavam projetos de atentar contra a vida de Francisco Ferreira, o que, de facto, aconteceu: o irmão da ré, identificado como «marujo», atacou o cunhado com «huma estocada, ou punhalada, deixando-o por morto». No entanto, Francisco Ferreira escapou do que durante muito tempo se considerou ser uma «ferida mortal». Consta do processo que a ré foi absolvida por não haver provas suficientes e se supor que tudo tivesse sido urdido pelo marido. Esta carta está copiada no processo de António José Ferreira: Casa da Suplicação, Feitos Findos, Processos-Crime, Letra A, Maço 27, Número 6, Caixa 57.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas três primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra G, Maço 3, Número 12, Caixa 10, Caderno [1], Fólios 300r-301r
Transcrição Sara de França Sousa
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Ana Luísa Costa
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Page 300r > 300v

[1]

Com grande gosto recebi a cua carta

[2]
e istimei mto o Vmce estar tão confortado
[3]
e juntamente lugrar caude perfeita pois
[4]
he o q a mim me falta eu ja estou milho
[5]
or ja me alevanto a 3 dias com toce mas es
[6]
tou mto fraca cintome mto disvaida da ca
[7]
beca e trago muito fastio não poso comer
[8]
nada apetece pareceme q aqui acabarei
[9]
a vida mas iso he o mesmo como Vmce ten
[10]
ha caude ainda q eu mora não inporta
[11]
Vmce ca fica Vmce he q me ha de d ispicar
[12]
a respeito do q me dis estou ademirada po
[13]
rq o meu Joze Me dice q Vmce estava ma
[14]
is atrazado do q eu porq o seu agravo ain
[15]
da cabado tinha hido pa a relacão e o me
[16]
u ja la tinha hido e não foi aseito e tor
[17]
nou o letrado agravar e cahio cem agravo
[18]
e agora esta os papeis na mão do meu letr
[19]
ado pa contradizer o libelo asim não
[20]
cei de mais nada fesce hum requerimen
[21]
to o intendente pa eu dar huma gustifi
[22]
casam da ma conduta dele dei 8 tistem

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