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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1754]. Carta de Manuel Martins para um capelão.

ResumoManuel Martins escreve ao capelão a contar o que descobriu lendo as cartas de Lourenço António e de sua mulher Brásia Maria, suspeita de pacto com o demónio.
Autor(es) Manuel Martins
Destinatário(s) Anónimo91            
De S.l.
Para S.l.
Contexto

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Suporte meia folha não dobrada, escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa, Cadernos do Promotor
Cota arquivística Livro 305 (Caderno 113)
Fólios 175r
Transcrição Leonor Tavares
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2008

Page 175r

[1]
Snr Pe Capelam

o Soldado que eu dise a vm debaixo de Comficão he do regimto de Manoel

[2]
de besa dantas primeiramte que antes que o prenderão que trazia Comsigo huma Couza
[3]
que o seu sargento tinha ordem pa o prender que pasava por elle que o não prendia
[4]
nem ovia em segundo lugar que hum dia que se lhe sumio aquilo do bolso que na
[5]
quele mesmo dia o prenderao que fugindo elle do barco ou escondendose que a
[6]
ndava Com as maons por sima e que não vião e a todos dis que aqui não mas que
[7]
em estando no Corsario que elle sahira pa a libardade e que Cuando elle
[8]
não saia do Cursario que em elle gegando a india que logo no outro
[9]
dia a de la fazer hir duas pesoas em proCura dele que pa iso leva hum
[10]
a prenda que sãm humas fivelas de prata e huns Curais que lhe deu
[11]
a mulher e dis que se a mulher quizer que ningem o pode livrar
[12]
Como ella eu lhe vi escrever a mulher huma Carta eu a li que dizia
[13]
que ella Com o seu puder o pudia livrar e na Carta dizia que de ha mto
[14]
emtregava a sua alma o demonio tres vezes e falava em isto na Carta
[15]
huma Carta de huma folha de papel em tres laudas escritas
[16]
outra Carta lhe tinha ella mandado em que dizia que tinha pidido
[17]
digo tinha ido a Caza do marques de abrantes que nunCa lhe pudera
[18]
falar mas que não emportava que ella esperava do seu travalho
[19]
ter fruto que se não desconsolase isto he o que poso dizer a vm
[20]
i dizendo lhe eu huma ves por sonbaria que se elle saise que vise
[21]
se me pudia levar Comsigo me respondeu que em Ca vindo sua
[22]
mulher que elle veria e dizendo eu tua mulher parese me inda ser
[23]
mto rapariga pa ter pato Com o diabo dice me que não era tam rapariga
[24]
que não tivese trinta e tantos anos elle chamase Lourenso an
[25]
tonio ella brazia maria nisto ditriminara vm o que quizer
[26]
pois sabe o que deve ser Ds gde a vm ms annos

[27]
De vm Criado mto obrigado
[28]
Manoel Martins

a molher mora pa os anjos

[29]
algures e vende pelas ruas
[30]
fruta e mais queijos

[31]

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