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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1825]. Carta anónima, atribuída a Agostinho Peres, criado, galego, para Inês Bárbara de Santana Xavier de Pontes, viúva.

ResumoO autor faz um segundo pedido de dinheiro, recorrendo a ameaças.
Autor(es) Agostinho Peres
Destinatário(s) Inês Bárbara Santana Xavier de Pontes            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

O réu é descrito no processo como sendo, em 1825, "trabalhador, casado com Carlota Cândida, filho de Estêvão Peres e de Inês Alves, natural de Galiza, idade de vinte e quatro anos, morador na Rua da Conceição [à] Praça das Flores [Lisboa], estatura ordinária, cabelo ruço, pouca barba, olhos azuis, rosto comprido, jaqueta, colete e calças de romendos [e] de botins" (transcrição modernizada). Nos interrogatórios, assume-se como sendo ora criado, ora moço de recados. Para a Justiça, ele era ora trabalhador, ora moço de fretes. Em Lisboa, foi criado da viúva Inês Bárbara de Santana Xavier de Pontes, mas a patroa despediu-o. Na versão da senhora, que o veio a processar, Agostinho Peres chantageou-a, a ela e a outras senhoras, enviando-lhes cartas de extorsão cujos originais e cópias constam do processo. Depois de preso, fez várias exposições em que contava da sua pobreza, da da mulher e da criança que lhes morrera. Em 1826, depois de ter sido condenado a degredo perpétuo para Angola, recorreu da sentença e acabou degredado por três anos para Cabo Verde. Esta carta, CARDS0004, está transcrita no processo pelo escrivão António José Ferreira de Passos. A leitura do escrivão é reproduzida abaixo devido à sua relevância para o estudo do galego. "Senhora Donna Ignez de Santa Anna Pontes: Na terça feira mandeilhe huma carta. Vossa Senhoria fez pouco della: pois minha Senhora saberá que no Domingo á noite pelas duas horas da noite, estiverão para arombar a sua caza, e por não poder querião deitar fogo pella parte do quintal, e pela rua, e tão bem o beco da Varballeno, e he por ter dó de Vossa Senhoria, pedi-lhe que não, e logo me obrigarão a dár seis moedas em metal, mas eu não as tinha senão em papel, e pello tanto hademe mandar hoje sem falta alguma pois por Vossa Senhoria não querer aceitar a carta estiverão para ir deitalo o beco da barbalena, e depois a Vossa Senhoria pertendião matala, e primeiramente ao moço, pois Vossa Senhoria não fica pobre, e não lhe hade suceder mal algum pois senão me mandar lhe aguro pello Santissimo Sacramento tanto huma parte como outra fica queimada e para este dinheiro são vinte e quatro homens, e todos estão de espias, e mandarem (sic) outro emtergarem, e o portador está innocente pois he mandado, pois os vinte e quatro estão de parte, pois se não quer mandalas emprestemas pois obrigamos pela fé que profeso dentro em tres mezes mandalas, e saberá quem he, e me mandará alvisaras: [Eu] pois se mandar prender o portador pode contar, que não passa de oito dias, que não tenha novidade [e] assim mo mande na mesma carta fechado sem falta, sem falta, sem falta, mandeo athe o dito, athe o dito. Deos guarde a Vossa Senhoria. Santa Marta Numero trinta: Donna Ignes Xavier de Santa Anna Pontes Rua de Santa Marta Numero trinta"

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas duas primeiras faces e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra A, Maço 17, Número 5, Caixa 39, Caderno 1
Fólios 40r-41r
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2007

Page 40r > 40v

[1]
Snra Dona Ines de Santaana
[2]
Pontes

Na terza feira mandeile

[3]
huma carta e Voz Senhoria fes
[4]
Poco del Pois minha senhora sabera
[5]
q o no domingo P A noite Pelas 2 oras
[6]
da noite estiberon Para Aronbar
[7]
A sua casa e Por non Poder querim A
[8]
ron deitar fogo Pela Parte do quital
[9]
e Pela rua e tambem o beco da
[10]
varbasseno ehu Por ter do de vosa
[11]
senhoria pedelle que non e logo me
[12]
obrigoron A dar seis moedas em me
[13]
tal mais heu non as tenho senon
[14]
em papel e pelo tamto hamo
[15]
de mamdar hoxe sem falta Algu
[16]
ma Pois por vosa senhoria non querer
[17]
Azeitar a carta estuberon Para hir
[18]
ditarlo o beco da barbasena e des
[19]
Pois A vosa senhoria a temson
[20]
he matala e Primeiramente Ao mozo
[21]
Pois vosa senhoria non fica Pobre
[22]
e non le sosedera mal Algum
[23]
Pois se nom me mandar le aguro pe
[24]
lo santisimo sacramento tamta
[25]
huma Parte como hotra P fica queimada
[26]
e para heste dinhiro som 20 e 4
[27]
omes e todos estam d espias e

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