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Maarten Janssen, 2014-

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[1599]. Carta de Batista, frade, para Simão Batista, frade.

ResumenO autor pede a um superior que tome providências em relação ao comportamento de um frade, Vicente Borges, o qual tem frequentado casas de prostituição e mantém um caso com uma mulher casada.
Autor(es) Batista
Destinatario(s) Simão Batista            
Desde Portugal, Coimbra
Para Portugal, Lisboa, Convento de São Francisco
Contexto

Este processo diz respeito a Vicente Borges, acusado de exercício ilegal das funções eclesiásticas. O réu era natural de Lisboa e dizia ter professado na Ordem dos Frades Menores da Penitência no convento de São Pedro de Coimbra. As cartas incluídas no processo foram enviadas à Mesa da Inquisição pelo provincial de Santarém, o padre frei Marcos da Trindade. Sendo tido como mau cristão, mentiroso e ladrão, constam do processo várias acusações relativamente ao comportamento do réu: 1) que tinha fugido a cavalo levando três mil réis roubados e que já tinha roubado uma navalha e uma tesoura antes; 2) que já tinha sido castigado pelo provincial de Santarém por ter aberto uma carta do mesmo, escrita pelo irmão e de assunto reservado; 3) que se tratava com seculares sem permissão e que tinha escrito uma carta ao pai de um outro noviço a pedir dinheiro e comida; 4) que também tinha escrito uma carta falsa, em nome de Bernardo Drago, a uma mulher chamada Maria Leitoa, tentando levá-la a dar-lhe coisas; 5) que entrava na despensa sem permissão no tempo do frei José; 6) que tinha declarado ter morto voluntariamente um mancebo com um tiro, antes de ser frade; 7) que era sodomita e tinha cometido o pecado nefando com outros noviços; 8) que com grande escândalo frequentava a casa de uma prostituta; 9) e que dava missa sem ter ordem sacra para tal, entre outras coisas.

No dia 25 de abril de 1601, Estêvão Rodrigues, morador em Sacavém, foi ao convento de Nossa Senhora de Jesus queixar-se de que o frei Vicente, de Lisboa, lhe tinha roubado um macho pequeno, preto com alguns pelos brancos. Segundo ele, o frade teria tomado o animal das mãos de um moço seu trabalhador, que andava a passear com o bicho. A 4 de maio, o padre provincial, Marcos da Trindade, descobriu que o macho de que fala o escrito (PSCR0252) foi alugado a um António Antunes e tinha cor de rato e idade e quatro anos. O dito animal terá sido alugado em Sintra dias antes do dia de Ramos.

Por mandado do licenciado João Peixoto de Sousa, o réu foi detido em sua casa, diante do padre Álvaro de Brito, guardião do mosteiro de São Francisco. Na manga do seu braço direito foi encontrado um taleijo pequeno de estopa em que tinha cinco moedas de quatro vinténs e uma de oito, vinte e oito moedas em cobre, que o réu confessou ter roubado ao guardião do mosteiro nas duas noites em que lá esteve. Também foram encontradas as cartas abertas que o vigário depois entregou à Mesa. O réu foi excomungado e enviado para Angola, com sete anos de galés, e ficou suspeito de heresia e apostasia.

Soporte meia folha de papel não dobrada, escrita no rosto e no verso.
Archivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fondo Inquisição de Évora
Referencia archivística Processo 2196
Folios 3r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2364176
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcripción Leonor Tavares
Revisión principal Catarina Carvalheiro
Contextualización Leonor Tavares
Normalización Catarina Carvalheiro
Fecha de transcipción2014

Page 3r > 3v

[1]
[2]
Pax Christi

Nam me pareceu cosa acertada ir tan certo portador

[3]
tam certo pera essa terra sem q dese cõta a V paternidade
[4]
de como estamos onrrados nesta casa com a estada do irmão
[5]
fr vicente porq tem tanto atrevimto q tomou vestidos secula
[6]
res e se foi a villa de marialva a casa de quẽ elle quer e por outras
[7]
vezes o virão estar em casa dumas putas publicas com duas
[8]
alcoveteiras a porta q vegiavam q não viesse o baregam e o pi
[9]
or q huã destas quẽ toda a vizinhãca diz q elle anda he casada
[10]
e duma vez se não fora o pe cura de santiago o quiserão levar
[11]
presso a casa e da outra esteve o barerigam tres dias em casa
[12]
da puta esperando q elle fose pera demtro o matar não temos
[13]
nesta casa nenhũ remedio com elle V paternidade proveja
[14]
com mta brevidade so pena de todos sermos apedrejados e eu
[15]
cuido q chegarei primeiro aos pes de V paternidade
[16]
q evia remedio nisto porq não me atrevo a sofrer o q vai
[17]
nesta terra; coanto ao q passa acerca da madre briatiz
[18]
dos cravos do cõvẽto d almeida não deixa de corer
[19]
sua devocam proebida de V paternidade e o pior q ho q
[20]
diz ocam q nẽ o papa nem o rei lhe tirara o falar a bria
[21]
tiz dos cravos, a madre abbadesa tapa a boca a mão polos
[22]
não ver, e diz q não no a de escandalizar q não tem na
[23]
terra quẽ lhe faca caridade senão elle

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