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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1663. Carta de frei Cristóvão do Rosário para um inquisidor.

Autor(es) Cristóvão do Rosário      
Destinatário(s) Anónimo446      
In English

Private letter from Cristóvão do Rosário, friar, to an Inquisitor

The author assures the addressee that he has all the reasons to believe that a certain New-Christian who wants to return to Portugal is now a genuine Catholic.

This is the Inquisition lawsuit of Simão Gomes, a 35 years old New Christian accused of Judaism. The defendant was a merchant, son of Francisco Carvalho and Brites Gomes and he was married to Guiomar Serrana, also a New Christian. He lived in London. Simão Gomes confessed having lived several years under the Judaic faith, after his father had taught him the Law of Moses. After he went to London, the defendant realized that he no longer wanted to live as a Jew, but he wished to convert himself to Christianism. He wrote friar Cristóvão do Rosário, a religious member of the ‘Ordem dos Pregadores’ and also the queen of England’s preacher, telling him about his intentions. Since his name was mentioned in several proceedings of family members accused of Judaism, Simão Gomes decided to present his confession to the Inquisition. He presented the letters he had written to friar Cristóvão do Rosário as proof of his conversion to Christianism after arriving at London. This way he hoped to gain forgiveness and some benefits that allowed him to come back to Lisbon with his family. He was well succeeded in his efforts. In an auto-de-fé on 23rd July 1664, the defendant was sentenced to abjuration in the form of instruction in the Catholic faith, spiritual penitence and payment of legal costs. He was released five days later.

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Page 32r > 32v

[1]

 carta de VSa de 3 de julho que me foi dada em 15 25 de setem-

[2]
bro, respondi em 29 do mesmo mes, ou 9 de outubro entregando a carta
[3]
ao Embaxador marques de sande, pella qual via tinha recebido
[4]
esta de Vsa. elle me significou depois de partido o pro pataxo
[5]
como com a doenca da Rainha lhe esquecera de a mandar nelle, po-
[6]
rem que a determinava mandar por hum navio que esta pa
[7]
ir ao porto, e avisandome de que avia agora outro pa essa cidade, e pro-
[8]
metendome de que mandaria esta carta no masso d el Rei, a faso
[9]
tornando nella a dar conta do negoceo que Vsa me Encomendou
[10]
cerca de simão gomes d almeida.

[11]

depos que tive a carta de VSa esperei por elle, porque tinha asentado comi-

[12]
go de me traser este papel, (que aqui mando, e mandei outro na carta
[13]
que esqueceu) pa eu o mandar a Vsa antes da carta de VSa me chegar
[14]
e sabendo o interecado della do zelo com que VSa lhe acudia, com
[15]
lagrimas nos olhos deu muitas gracas a ds, experimentando a grande
[16]
misericordia que com elle se usava. direi o que com este homem, antes,
[17]
e depois desta carta tenho pasado.

[18]

Veyo aqui ha tempos a buscarme com huã carta do conde de ponterve, na-

[19]
qual lhe disia o dito conde, que VSa tinha remettido o seu negoceo
[20]
a mim e ao mestre frei Antonio de s bernardino respondemoslhe, que tal
[21]
ordem não tinhamos, e não obstante isto, propos elle o dito negoceo, de como
[22]
fugira desse Reino, por temer ser preso no sto officio por testemunhos
[23]
falsos de pessoas que estavão presas, e que chegado a esta terra vivera
[24]
sempre como christão, e que se elle fora judeo de antes, o não fora
[25]
depois que nestas partes alcansou as parvoises, e maldicois que crião
[26]
os judeos; e que ainda que elle e sua molher podião aqui viver christam,
[27]
e catholicamente, não obstante as muitas instancias, que os judeos, assim
[28]
os daqui como os de olanda lhe fasião pa elle ser judeo, contudo que
[29]
tinha tres filhinhos, dos quais temia que pello tempo adiante se aqui se
[30]
criassem se perdessem infalivelmente, e que por Esta resão desejava tronar
[31]
com sua casa pa portugal, em tanto, que pello conde de ponterve, quando
[32]
daqui por fin escrevera a VSa que suposto elle nunqua fose judeo, con-
[33]
tudo, que se fose necessario se levantaria ahy testemunho de que o
[34]
tinha sido pa contestar com as testas que tinhão dado nelle, E que com
[35]
a seguranca de que o não avião prender, nem castigar em auto publico

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