Processo relativo a Catarina de Paiva, cristã-nova de cerca de 45 anos, presa pela Inquisição de Lisboa por judaísmo em maio de 1623.
A ré foi presa juntamente com uma sua irmã, Guiomar Henriques, devido a um testemunho de Filipa de São Paulo, freira do Mosteiro de Santa Ana de Coimbra e irmã de Catarina e Guiomar, ela própria presa por heresia e apostasia pela Inquisição dessa cidade. Acusadas por Catarina de Paiva, as suas duas outras irmãs, Jerónima dos Anjos e Maria da Natividade, freiras do Mosteiro de Santa Clara de Coimbra, foram também presas, um mês depois.
É possível que as cartas inclusas no processo estivessem já na posse da ré por ocasião da sua prisão, embora o auto de entrega não lhes faça referência, ou que tivessem sido entregues por testemunhas no decorrer do processo. As cartas PSCR0441 e PSCR0445 foram escritas pouco tempo depois da prisão de Filipa de São Paulo, na véspera do Domingo de Pascoela de 1623, lamentando as suas autoras o infortúnio que daí sobreveio para a família.