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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | A autora dá notícias da família ao marido e envia-lhe duas camisas. |
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Autor(es) | Ana Maria da Costa |
Destinatário(s) | José Gonçalves |
De | Portugal, Vila Real, Quintã |
Para | Brasil, Bahia |
Contexto | Este processo diz respeito a José Gonçalves, também conhecido por José Rodrigues, marinheiro, cristão-velho de 31 anos de idade acusado de bigamia. O réu era natural de São Salvador de Árvore, lugar da Quintã, Maia (Porto) e morador no Brasil, na vila de São Jorge, Ilhéus, na Bahia. Filho de Cosme Gonçalves e de Maria José, casou segunda vez com Angélica da Fonseca, estando ainda viva a sua primeira mulher, Ana Maria da Costa. Ana Maria da Costa era filha do ferreiro Manuel António e de Maria da Costa, natural de Chave de Ferro de Salvador de Árvore (Porto). Casou-se com o réu a 31 de dezembro de 1761 e viveram juntos apenas cerca de cinco meses sem terem tido filhos. O réu, seu marido, foi para o Rio de Janeiro para trabalhar e deveria voltar passados três meses, mas no caminho de volta, passando pela Bahia, partiu uma perna (mencionado nas cartas) e teve de permanecer hospitalizado no Hospital da Misericórdia durante dois meses, após os quais embarcou para Porto Seguro, onde se tornou pescador, conheceu a sua segunda mulher e mudou o nome para José Rodrigues. Lá permaneceu nos quatro anos seguintes, voltando a casar-se com Angélica da Fonseca. Segundo consta do processo, Angélica da Fonseca, mulata, filha do capitão Manuel da Fonseca Lobato e de Francisca da Costa, era uma escrava forra de Gregório da Cunha Coutinho que João da Veiga Alomba, um negociante de pescaria para quem o réu trabalhava, arrematara em praça pública por conta de dívidas do dito Gregório da Cunha Coutinho. Após comprar a escrava, João da Veiga Alomba deu-lhe a liberdade para que o filho que ambos esperavam viesse a nascer livre. Os dois tiveram mais dois filhos, mas como esta ligação era ilícita, João da Veiga Alomba tratou de arranjar casamento para Angélica da Fonseca, coagindo José Gonçalves a casar-se com ela. Segundo o réu, o casamento só se realizou porque este, quando conheceu a dita Angélica da Fonseca, estava numa situação de extrema miséria, e João da Veiga Alomba prometeu dar-lhe dois escravos, uma escrava e mais benesses se se casasse com ela, persuadindo-o assim a fazê-lo. Sabendo que não podia fazê-lo por já ser casado, o réu disse ter tentado fugir, mas ter sido disso impedido por João da Veiga Alomba. Com medo de represálias uma vez que sabia da fama do dito negociante de pescaria de ter matado duas pessoas, do seu estatuto de homem poderoso no local e de já o ter apanhado com Angélica da Fonseca uma noite, casou-se, mas as testemunhas que confirmaram que este era solteiro foram todas arranjadas por João da Veiga Alomba. No entanto, alguns meses após o casamento, na semana santa de 1765, José Gonçalves abandonou a mulher por desconfiar que ela mantinha um relacionamento com o seu antigo dono. Voltou alguns meses depois, querendo tirá-la da casa de João da Veiga Alomba para a levar consigo. Este não consentiu e construiu uma casa para que os dois vivessem perto dele, dizendo que precisava dos préstimos de Angélica da Fonseca como doméstica. Recorrendo à justiça para resolver o caso, espalhou-se que José Gonçalves era casado em Portugal, e este não conseguiu tirar a mulata da casa do seu antigo dono. O réu foi preso em Ilhéus e levado para o cárcere do convento de São Francisco da Bahia. Em auto-da-fé de 19 de dezembro de 1767, foi sentenciado a abjuração de leve, suspeito na fé, açoutamento público, degredo por tempo de 7 anos para as galés de Sua Majestade, instrução na fé, penas e penitências espirituais e pagamento de custas. |
Suporte | uma folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística | Processo 8697 |
Fólios | 47r |
Online Facsimile | http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2308820 |
Socio-Historical Keywords | Raïssa Gillier |
Transcrição | Leonor Tavares |
Revisão principal | Raïssa Gillier |
Contextualização | Leonor Tavares |
Modernização | Raïssa Gillier |
Data da transcrição | 2015 |
1764. Carta de Ana Maria da Costa para o seu marido, José Gonçalves,
marinheiro.
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