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Maarten Janssen, 2014-

CARDS0043

1832. Carta não autógrafa de Luzia Bela do Carmo para Joaquim Alexandre Gravelho, preso.

Autor(es)

Luzia Bela do Carmo      

Destinatário(s)

Joaquim Alexandre Gravelho                        

Resumo

Uma mulher conta ao destinatário, preso em Elvas e seu antigo amante, como padeceu ao longo de uma viagem.

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8 de julho de Mil de 832 Lavre Joaquim do Coração

Estimarei que esta te achar con perfeita saude en conpanhia de quem tu mais estimares eu ao fazer desta fico alguã cousa doente, mais não he cousa de cuidado estou muito molestada dos pes en parte nenhuma nos quizrão enbargar calvagadura o motivo porque não trazeamos guia da sidade em montemor enbargarão foi porque o escrivão teve muita de mim e que en todas as terras todos dizião que mal empregada que na flor da minha edade de me ver de cadeas en cadeas pois eu a consolação que tenho asim que entro para as cadeas não faço senão xorar da minha sorte ser tão enfelis e tudo por mor de ti queira Deus que esta prizão me sirva de emenda mandote participar que quando xegue a montemor não trazia dinheiro quem se lenbra para uma jornada de des dias darmes 8 tostois d não xegar a tostão por dia que foi tanta a minha enfelicidade que queria alugar uma cavalgadura por não poder caminhar mas tudo se remediou com alguns encamodos mas a maeor paxao que me aseste é estar olhando as mãos de otrem e querer comer e não o ter i eu vise quando xegaci o pe de ti o dinheiro que me destes não o trazia com quem tens gasto muito gastasses o pouco que me destes ja me peza não trazer a minha capa para onde xagei que me faltou o denheiro vendela apezar

que me fas alguma falta mas ja agora pasiensia farei o gosto a algumas pessoas que o seu dezejo é verem xeia de trapos mas enquanto puder não ei de fazer o gosto a nenhuma pessoa e que eu morro o pe de uma pareide se a minha prizão for demorada mas i deos quizer não á de ser porque todos me dão boa consolacão de que a minha soltura ser breve asim Deus quira que asim que xegar a Lisboa xamem a vezita que hinda tenho tensão de ir a essa sidade o que te peso que não faças motivos o por donde de não me emxeres os ouvidos conforme os enxião quando estava nessa sidade que quando xegar primeiro que fale contigo ei de falar com outras pessoas para me dizerem o teu comportamento pois na bespra que marxei bem recomendavão e que as mesmas pessoas de outras vezes me dizião tudo e agora se me desirem o mesmo podes contar que nem a sombra tua quero ver e se te comportares con alguns sentimentos por mim onde tu moreres ei de eu acabar pois asim o deves fazer de mostrares algum sentimento por mim porque os trabalhos que estou pasando deos e eu é que sabe e inda o que terei a pasar ate que Deus seja servido de me por na minha liberdade e o que te peso que te lenbres de mim com algum denheiro quando o tiveres pois eu de ti o das minhas manas não me nem caza nen estante pois é o que mais tenho na lenbransa o que te peso asim que corosponderes a cousa me mandes logo dizer não me escrevas sem outro me mandar outra carta primeiro te mandares dizer en que prizão fico mais sinto é não poder ficar numa sala tudo por não ter dinheiro para a pagar asim irei para as enxovias para xorar mais a minha desgraça mais do que tenho xorado se falares com algũa pessoa da minha terra não lhe digas as minhas enfiliçidades para não ir os ovidos da minha familia por não lhe dar mais desgosto do que tennho tido com isto te não enfado mais desta tua l

Luzia que a vida te dou ja para minha consolacão joaquim o que te peso que fasas algumas pessoas mentirozas que me dezião que i marxando dessa sidade que avias de fazer pior do que tens feito asim so o que te peso é que te lenbres do que te mando dizer aseita este coracão saudozo xeio de tristeza para mim nada a i de consolação depois que marxei dessa sidade Inda os meos olhos se não enxugarão de me ver tão desgraçada e lonje da minha familia que me parese que ja não a ei de ver com o mesmo gosto que a via aDeus ate a primeira vista Luzia Bella do Carmo ainda espero en Deus de te ver e de te dar 1 abraco aDeus Deus saudades A anna que mora defrontes Saudades o Silverio que não me quis falar quando vin dessa sidade as minhas para contigo a vista terão fim


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