PSCR1190
1587. Carta de [Ângela de Noronha], madre prioresa, para Estêvão Magro, arcipreste.
Autor(es)
[Ângela de Noronha]
Destinatário(s)
Estêvão Magro
Resumo
A autora pede notícias sobre Joana de Mendanha, relembra os tempos em que viveu na Covilhã e fala das suas funções de prioresa.
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Ao senhor istivão magro
em covilhãa
Snor porq sey quãtas obrygacõis teve ha
vm mynha pryma dona amgela q ds tem
me atrevo a lhe pidir mces q sey não as
negara ha mỹ como fazia ha ella mto
grãde sera pa mỹ mãdarme por letra sua
ha verdadeira emformacão das maravilhas
que ds tem mostrado na sua serva joana
de mẽdanha fa q foi de tristão da veigua
he de oryana Rybeira q eu bem conhecy
he me lembro q quãdo estyve em casa
de minha tya dona joana de castro nesa
vila hia la mtas vezes oryana Rybeyra cõ
seu filho da veyga he outra minyna
mays peqna q me parece seria esta snora
em quẽ ds tãto ho seu spirito
q me afirmarão q nos dias de comunhão
estava des as sete oras hate as tres depois do
meio dia emlevada em ds he depois q acorda
diz mtos louvores seus em latim de q mostra
ds grãdes maravilhas e virtudes nela vm
mo aserva tudo ho q nisto passa p mynha
cõsolação he vertude em cousas de seu serviço
q tudo farei como justo he q leva hũas
Relyquyas da sta prioresa d anunciada me fara m
dar de seu ha esa sta
Regitada da sua letra para minha cõsolação a qual
tambem terei em ver da letra de vm a quẽm o snor
de mta vida pa cõ ela lhe fazer mtos sirvicos
não faço lembrãça de mais a vm porq me
parece q se lembrara de hũa moça prima
de dona amgeLa q chamavão dona ma
q estava em casa de dona Joana a velha
mãy de jorge cabral o nome q tynha me
tyrarão quãdo tomei ho abito em Jhu d aveiro
domde me trouxe ho noso provỹcial pa sirvir
neste posto de prioresa quatro annos mto
cõtra mynha võtade mas sacrifyqueime
pola obediencia e padeço aquy mto grãdes
trabalhos por ser este mosteiro mto pobre
he ter setemta freyras da porta hadentro
he pa alivio destes trabalhos peco a vm
mtas novas suas he desa subrïnha q por
ella ser desa teRa honde eu criey he fa
de gẽte q conhecy me alegrerey grãdemẽte
com todas as mces q ds lhe tem feytas he
mais como eu sou grãde pecadora estimarei
mto ter esa sta pobresynha cõ ds
como tãbem estymo ter mta amizade cõ ha
sta preoresa d anũciada cõ quẽ me cõfio he dela
tenho cada dia oracão hao seu esposo he
cuydo q cõ suas oracões sou mto ajudada de
nosa sra pois cõ desta casa tão pobre nũca
faltou mantymto pa as Religiosas depois
q estou nela posto q cõ mto trabalho meu vm
me perdoe por letra tão cõprida e vỹguese de mỹ
em me escrever outra mto mais cõprida de novas
suas he desa esposa de xpo ha quẽ mto amo no snor
he quãto mais depresa me vm mãdar a Reposta
tãto mais alegre serei he venha por ppa segura pa
lho mãdar ho mimo q este não pode levar porq
desejo eu fazer mtos sirvicos ha vm e pecolhe
q me escreva se se lembra daqle tpo q eu la
estava ẽ casa de minha tia dona Joana de castro
e pera eu ser certa diso me mãde algũs sinais
porq serei cõ iso mto alegre o snor Jhu de a vm
ho seu divino amor he o tenha de sua mão feita dia de corpus xpy de 87
mãdo a vm dẽtro nesta hũa espogynha
que me mãdou ha sta pryoreza d anũciada
de quẽ me dizem q he mto mimosa esa snora
tãbem disto me mãde novas e a maior m
q lhe peso he hũ sumario de todas as mçes
q noso snor tem feitas ha esa sta pa minha
cõsolação he vaydade he de ser freira
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