Resumo | Mariana Francisca escreve à sua amiga para lhe dizer que ela só pode
contar com a sua amizade e que as supostas amigas a difamam e não lhe
querem bem. |
Autor(es) |
Mariana Francisca
Santos
|
Destinatário(s) |
Maria Ferreira
Guedes
|
De |
Portugal, Porto |
Para |
S.l. |
Contexto | Processo relativo a Maria Ferreira Guedes, cristã-velha, casada com Manuel João, barbeiro, natural de Aveiro e moradora no Porto, acusada de feitiçaria. Mariana Francisa dos Santos, a cordoeira, uma das suas amigas, tinha-a ensinado a fazer um ramo de "trovisco", mas porque as vizinhas a começaram a chamar de bruxa e feiticeira, ameaçando entregá-la ao Santo Ofício, parou com as curas, segundo afirmou no interrogatório. Defendeu-se dizendo que as fazia de boa fé, e foi ela própria quem se apresentou na Inquisição, no sentido de calar as bocas que a difamavam. Foi sentenciada para o degredo por dois anos para Lamego. |
Suporte
| meia folha de papel dobrada escrita na segunda, terceira e quarta
face |
Arquivo
| Arquivo Nacional da Torre do
Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Fundo
| Inquisição de Coimbra |
Cota arquivística
| Processo 3552 |
Fólios
| [46r-v] |
Transcrição
| Ana Guilherme |
Modernização
| Catarina Carvalheiro |
Anotação POS
| Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2009 |
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Snra Ma Frra Reçeby huma
de Vmce em que mto estimei por ne
lla dar notiçias sertas; mas em
parte com mta penna por me Re
llatar na sua padesia notaveis
queixas onde fiquei mto senti
dissima; eu de saude fico
mto pronta a seu obediençia
no que tiver prestimo
esta carta que Vmce escreveo ho
je o pe Dom Matheus foy de
tanta alegria nesta caza, que
com palavras õ nam posso expillicar
porque toda a somana nem o pe
Dom Matheus, nem eu, nem jo
zepha passamos com sosego; mas
antes com mto sentimento e Cuida
do, porque todas estas vizinhas, a
quem Vmce amava tanto e servia
publicaram pellos soalheiros, e por
toda esta prassa que Vmce esta-
va preza na inquiçizam; e
suposto que o Sor pe Dom
Matheus dezia que hera falço, todavia asim a éllé, como
a nos nos asustou, e passamos athe vir o correio com Notavel cuida
do e disvello; e paresse que he promissam devina suseda esta
falssidade, para que Vmce conhessa quem sam estas Rega-
teiras a quem Vmce tem feito tamto bem, que paresse se
alegravam tanto com esta emfilliçidade de Vmce, que publi
caram por toda a terra, paresse que pediam alviçaras humas
as outras; e o que há mais para sentir que aquella grande sua a
miga que Vmce publica chamada Maria Luis está me di
çe me diçe quinta feira preguntandome pro Vmce, e dizendome
que estava preza, que se soubera o que Vmce hera, que
lhe nam havia de por o peé em caza; e entenda Vmce que
tambem, a sua comadre de Baixo, e a fanha todas foram
do mesmo paresser, como tambem a sua afilhada; e sam tam
dezavergonhadas que dizem que eu dera humas poucas de moedas
de ouro a Vmce para hir em busca de Jozeph monteiro; e foy
permiçam devina estes travalhos em que Vmce se vie, para
que quando Vmce se vir Restituida a sua caza se saiba estimar
e tratar da sua saude cuida que he o primçipal, e que conhessa
que só eu a amo e sinto a sua Auzençia, e mollestias
acompanhandoa com Lagrimas e ofereçendoa ao Senhor das
Barrquas aonde hei de hir com Vmce em Romaria com o Sor
Pe Dom Matheus, que soó elle sabe sentir o desaforo com
que esta canalha tem fallado na pessoa de Vmce;
a theya athe agora hinda nam he chegada em chegando
em chegando fasso tençam pagalla e levalla para a minha
caza o metella na sua cayxa ou onde Vmce ordenar de que
me mandara avizo e mandeme dizer quando vem hinda que
metinda me minta que tenho a minha caza fichada por nam
deixar a de Vmce a maria nam esquessa da minha da minha
parte mtas Lembranças que a Vmce nam tenho que dizer
a Jozepha se Recomenda a Vmce e todos os dias anda para fazer tes
tamentos e nunqua aCaba e Vmce vay esperar aveiro e a nom
mollesto mais a qm Dos gde ms ann
Porto 29 de1723
Mtas Lças ao Sr Franco Simois e a toda a sua gente
Desta sua serva que mto lhe dz Mariana franca dos santos