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Maarten Janssen, 2014-

CARDS6139

1825. Cópia de carta de João de Araújo Guimarães, negociante, para João Ribeiro da Cunha e Oliveira, negociante.

ResumoAraújo Guimarães, amargurado, informa Cunha e Oliveira acerca do estado dos seus negócios.
Autor(es) João de Araújo Guimarães
Destinatário(s) João Ribeiro da Cunha e Oliveira            
De Inglaterra, Londres
Para Portugal, Lisboa, Boavista
Contexto

O processo contém muitas letras falsas do Banco de Lisboa. A viúva de um negociante moveu um processo contra o seu caixeiro, João Ribeiro da Cunha e Oliveira, a quem a suplicante tinha encarregado do giro comercial e da sua casa, de tal modo que nenhuma transação era feita sem o seu conselho. O réu teria roubado à suplicante cerca de 40 contos de réis, embora ela estivesse desconfiada de que o furto excedia os 50 contos de réis. O réu negociaria letras falsas em nome da suplicante e fingiria letras de câmbio em nome de diversos negociantes, tanto de Lisboa como estrangeiros. O caixeiro foi solto por falta de provas, mas a viúva recorreu ao Juízo Privativo das Falsidades e apelou para que fossem punidos o réu e demais pessoas envolvidas. Consta do processo que a viúva e o genro, Cristóvão Pinto Barreiros, seriam "capitais inimigos" do caixeiro João Ribeiro da Cunha e Oliveira: uma história que ambos contaram a respeito das letras de João António de Almeida com o Banco de Lisboa foi desmentida pelo próprio banco num ofício enviado ao desembargador.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 243, Número 5, Caixa 633, Caderno [21], Apenso 19
Fólios 21r-22r
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Data da transcrição2007

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Senhor João Ribeiro da Cunha de Oliveira Boavista Lisboa

Senhor J R da C Não tenho tido noticias suas, eu tãobem a dous Paquetes não tenho escrito porque esperava sahir daqui hoje, isto tem sido hum negocio dos meus pecados; pois me tenho visto pateta com esta canalha os dous de vinte tem dado hum Trabalho extraordinario para as igualdades isto he fazenda que não pode andar por todas as mãos para melhor ha muitos que as fação, estes quinze dias tem sido friado para estes Trabalhadores bur-rachoens por ser depois da Pascoa: e fa-zem-se muito Fidalgos; me vejo me consumido de similhante diabrura; isto he fa-zenda, que as grandes são feitas por tres, disme o sugeito que daqui a dez dias he que estará tudo prompto, he verdade, que elle e o Companheiro trabalhão tanto de noute como de Dia, bom dinheiro tem custado ha officiaes que lhe não querem pegar com condição que se houver alguma diferença: eu não lhas regeitar, e ser a Alteração por minha conta como a medo não tem outro Remedio senão sugeitar-me a esta Canalha, pois não me quero expôr o Amigo contava com muita facilidade, e se alargou bastantemente pois tem hum trabalho immenço, tenho procurado por toda a parte o Livro que elle me recomendou e não o acho, a-chei hum de todas as Artes, e com hu-ma explicação sobre o que elle dezeja, po-rem o sugeito me promete de me dar hũa esplicação de manoscrito, não tenho mais que lhe dizer sim que me dezejava ver nessa a salvamento a ver se tenho mais saude pois Deos o sabe co-mo eu tenho passado, e sofrido com estes Diabos; o Senhor Aguerroolarte não me tem faltado com couza alguma quando assim assucedesse tãobem não me de-morava hum instante. Segundo me consta que para as tresentas não handa muito Longe por via das dezigualdades tanto de huns, como de outros foi esta a grande encomenda que o Amigo fez, e eu metido nesta Diabrura até chegar a Lisboa todos os dias são facadas mortaes, e eu não sei o que lhe faça pode contar até ahi chegar com £ duzentas setenta e cinco, que lhe faça muito bom pro-veito os officiaes que trabalhão he lhe persi pagar extraordinario desde as seis horas da tarde até as nove da noute quando não era encomenda para a- o fim de Jo Deos permita assim mesmo que tal assim me não assuceda, os bons officiaes como lhe disse assim como com a festa da Bebedeira, como com as muitas encomendas fazem pouco cazo a poder de dinheiro. Tem me dado cuidado a minha familia porque me não tem escrito eu espero em Vossas merces que nada lhe tenha faltado, aDeos até hum dia sedo, o meu Amigo para o outro Paquete que me esperar a Rocha do Conde de Obidos, isto sem falta pois he aonde, dezembarcão os Passageiros Lças o Sr F.

e sou de Vossa merce venerador Criado J A G Londres trinta e hum de Maio de mil outocentos vinte e cinco

Dissime o ... parte para Talmou-tho no dia ... faça favor de mandar essa carta a minha caza e que não suceda como a viagem passada


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