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Maarten Janssen, 2014-

CARDS0053

[1809]. Carta de Sebastião José Pereira, trabalhador, para Manuel da Silva, soldado.

ResumoSebastião, preso, pede ajuda e roupas a Manuel da Silva, o Maçarico, lembrando a lealdade que os unia.
Autor(es) Sebastião José Pereira
Destinatário(s) Manuel da Silva Maçarico            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Francisca Rosa, solteira, moradora na Rua da Conceição, no Cardal da Graça, n.º 18, irmã de Justa Maria e cunhada de Manuel da Silva, o Maçarico, alega que a sua casa sofreu um assalto. Tendo sido presa no dia 14 de janeiro de 1809, levara consigo a chave de sua porta e, saindo no dia 17, encontrou a porta aberta, um chapéu redondo que não era seu e a carta que consta do processo. Conta a vizinhança que, na noite de 14 para 15, dois homens abriram a porta com chave falsa ou gazua, acenderam a luz e estiveram lá muito tempo. Um deles disse ser primo de Francisca Rosa e afirmou estar ali por ordem dela, para guardar a casa. Suspeita-se que um dos homens era o Maçarico.

Ana Joaquina, mulher de Sebastião José Pereira, disse conhecer o Maçarico porque dois ou três meses antes tinha ido a sua casa, por volta das 11 horas da noite, acompanhado por José Paulo e pelo Saloio. Aí deixaram ficar, por dois ou três dias, duas fardas e uma espada. Entretanto, os oficiais da Intendência fizeram uma busca à casa de Ana Joaquina, na esperança de encontrar José Paulo. Acharam a farda e uma pistola de João Batista, trabalhador, que acabou também por ser preso no decorrer dessa busca. Perguntado acerca da origem das fardas e da espada, o Maçarico disse tê-las comprado e nunca as ter usado por não estarem à sua medida. No entanto, foi acusado de sair várias vezes à noite com a farda debaixo do braço para trocar de roupa e fazer roubos. Perguntado acerca do rapaz que o costumava procurar em sua casa, respondeu que era Sebastião, trabalhador nas Tercenas do Cais Novo, em cuja casa deixara a farda e a espada no dia em que as comprou.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nos dois primeiros fólios.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra M, Maço 77, Número 18, Caixa 173, Caderno [1]
Fólios [5]r-v
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Clara Pinto
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2010

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AO Snr Ma noel Macarico Amigo Manoel Maçarico

Estimarei q ao Receber desta estejas disfrutando huma perfeita Sa em compa de tudo q te resdepeita Heu penço q te não has de esqueçer q foste meu Camarada por iço q te escrevo e haxome na ultima mizeria a minha Maỹ me não pode trazer i nada pois quando qua Vem huma Ves na Vida Haxo ultraJado por Hum Curzado q devo ao Joiiz pois se tudo o q Heu tenho ValesCeçe ficaria pa o pagar pois as mesmas Calças q me deste as Vendi com fome aSim como não thenho outra Pessoa de qm me Valha pois nos tratavamos por amigos Liais se tãobem Cahices prezo Te avia de fazer o q podesse bem sabes q quantdo A d o Marianna te quiz mandar prender q heu Sempre me oupús a Icso pois antes heu queria cer prezo q foces na minha compa pois héra teu amigo Lial ASim espero de ti q me mandes alguma Roupa se tiVeres huns sapatos Velhos com isto não emfado mais

Deste teu Amo Sabastião

Legenda:

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