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Maarten Janssen, 2014-

CARDS6311

1827. Carta de Joaquim David dos Santos para Catarina Maria, sua mulher.

ResumoO autor conta à mulher que o querem envolver em intrigas.
Autor(es) Joaquim David dos Santos
Destinatário(s) Catarina Maria            
De S.l.
Para Portugal, Lisboa, Rua da Barroca nº 73 1º andar
Contexto

Na margem esquerda, encontra-se ainda uma anotação referente à carta com o seguinte texto (transcrição normalizada): "Este Documento só prova que Joaquim David era ingrato, e sua Mulher, e por esta má qualidade deu ela ao Réu as Cartas: à vista disto, quem duvidará que esta tal Catarina está mancomunada com o Réu? Qual seria a viúva honesta que desse as Cartas particulares de seu Marido para se juntarem a Autos que lhe não pertencem?".

Miguel José Francisco, porta-voz da sua mulher, Maria Águeda da Encarnação, moradores na Travessa das Salgadeiras, disse que Pedro António da Silva, padeiro e dono de uma fábrica, difamou Maria Águeda repetidas vezes, inventando "vergonhosos procedimentos" que ofenderiam a honra de tal mulher, bem como do marido. Determinou-se que, em 24 horas, Pedro António da Silva deveria assinar um termo de bem viver, e não ofender nem falar, de maneira alguma, a Maria Águeda, marido e restante família. Caso não o fizesse teria de pagar 200 mil réis para obra e ser degredado por 4 anos para África. Pedro António defendeu-se dizendo que Maria Águeda era dada a mexericos e a intrigas entre os vizinhos. Acrescentou que o marido de Maria Águeda tinha inveja dele, pelo facto de o negócio de padeiro estar a correr bem. Tudo o que dissera acerca de Maria Águeda não era mais nem menos o que ela própria dizia à janela, para a vizinhança. Maria Águeda, no entanto, afirmou que o réu chegou a ir a casa de Joaquina Rosa, amiga dela, para lhe pedir que aliciasse Maria Águeda a marcar um encontro íntimo em casa de Joaquina, servindo esta de alcoviteira. Para este fim ofereceu-lhe dinheiro, mas Joaquina recusou. A autora acusou-o ainda de ser difamada pelo réu, ao dizer que ela estava envolvida com um capataz. Consta do processo que a maioria das testemunhas confessou ter sido comprada pelo autor, coisa que o réu procurou provar ao entregar as cinco cartas inclusas no processo.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra P, Maço 1, Número 26, Caixa 3, Caderno [1]
Fólios 223r
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Liliana Romão Teles
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

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A Snra Catherina Maria minha Manna e Snra A quem Ds Gde ms ans Rua da Barroca no 73 1o andar Lisboa Em 16 de Dezembro de 1827

Minha querida Catherina Estimarei q ao Receber desta the va achar na posse de hua felis Saude em Companhia dos nossos filhos pois he o q te dezejo para nossa gloria Minha Amada Catherina Aqui Recebi hua Carta do Nosso Senhorio quero pedirte q me a guardes, depois me mandou dizer as asneiras do custume pa nos entrigar porem como sei como tu hes deixo nadar em seco pois he tão tollo que quer fallar ao Manno pa testemunha isso não ha de ver elle de mim pois não sei nada disso daras Recomendaçoens a nossos filhos e a Mai e a todos nossos parentes e he De quem te estima e Ama do intimo do Coracão

Joaquim David dos Santos

Legenda:

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