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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1520

1793. Carta de Mariana do Carmo para o padre José Francisco da Cruz.

ResumoA autora avisa o padre seu destinatário de que o vai denunciar ao Santo Ofício por ele lhe ter tocado na face.
Autor(es) Mariana do Carmo
Destinatário(s) José Francisco da Cruz            
De Portugal, Évora
Para Portugal, Évora
Contexto

Esta carta encontra-se no processo do padre José Francisco da Cruz, acusado de solicitação. Mariana do Carmo alegou que tendo ido, num dia de Agosto, falar com ele à igreja para se confessar, este lhe tocou na face antes da confissão. Ela interpretou mal a ação e falou disso ao confessor, achando que devia dar conta do caso ao Santo Ofício. No entanto, escreveu primeiro uma carta ao padre, avisando-o de que se acautelasse pois ia denunciá-lo. Assim, José Francisco da Cruz, tomando a carta como um aviso de Deus para olhar para a sua consciência, e aflito com a situação, foi-se apresentar perante o Santo Ofício no dia 13 de Setembro de 1793, entregando a carta e confessando-se. A denúncia de Mariana do Carmo só foi entregue à Mesa da Inquisição a 18 desse mês. Nessa mesma altura, chegou uma outra denúncia, de Gertrudes de Jesus, em que José Francisco da Cruz era acusado de lhe ter posto a boca nos seios mais do que uma vez, vindo-se a descobrir depois que fizera o mesmo a outras mulheres. Perante a ameaça de ser preso, José Francisco da Cruz fugiu para Roma, onde apresentou a sua confissão à Inquisição. Foi absolvido por um breve, em 1794, depois de ter purgado as suas culpas.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita na primeira e na última face.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Évora
Cota arquivística Processo 14645
Fólios 11r-11v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2314796
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2016

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Mto Rdo Snr padre Crus

Saberei estimar sua boa saude noso senhor lhe a comserve por muntos ans: snr serve esta de lhe dar a vmce o triste avizo o qal lhe dou com grande magoa e sintimento no meu corasão como eu lhe tenho m asfastado tantas vezes q tenho falado com vmce nesta materia q lhe vou a espelicar eu sou obrigada a deanuciar a vmce pelo fcaucutozo q vmce não fes sertamente com malicia mas sim naturalmente que foi na cazião que eu lhe falei a vmce no meio da sua igrega para vmce me relecomsiar e depois lhe tornei a repetir o mesmo ca fora e vmce me dise q desese eu o que tinha eu lho dise q heram humas empaciensas vmce dise he vose commungar a este tempo me pos a mam na fase basta para vmce ficar siente no caso q eu não tenho alento para o fazer lembrarme esto mais morta q viva pois eu para caza falei nisto a meu confesor não me parasendo que daqi rezoltaria silimilhante cazo somente me parecia que eu pecava por ter isto por lividandade minha comsertir vmce torcarme na minha fase nestes termos esteja vmce de avizo q daqi emte sabado e me mandome fazer a dita denucia pena de eu cahir na cosminhão veja vmce comsidere como eu estarei eu havia hir pesoalmente hovir o q vmce respondia a isto mas não poso perdoe o dazarseto da escrita q não estou no meu juizo perfeito pois mo tem robaudo o prezente cazo noso senhor o ceja servido comfortarme a vme tabem

serva de vmce Mariana do Carmo


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