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sentio esta aflicta humanidade gosto con a letra e regras de vm
a quen dou grasas por o intento e vontade que mostra de me fazer
merçe de me acudir a nesesidade tão presisa e forsosa, quanto
a conta que faz en que lhe parece ter resão digo que suposto
ser verdade tudo o que dis que se eu fora a vm não quisera conta
nen falara niso poren se lhe não pareser ben meu conselho e
quiser conta resão e justisa comigo asi vm como a minha mai
que eu estarei sempre prestes e pagarei a risca tudo o que
dever e se me deveren quero so que confesen que mo deven
e suposta esta ventajen parece não dever temer conta pois
vão sen risco de perda inda que eu por o muito que lhe quero
lhe aconselho que nen con o dito aventejado partido queirão
conta e por deus que digo o que entendo e se contudo o
quiser experimentar torno a reteficar o que ariba prometo
e não falo mais nisto.
Não encomendo a conclusão da causa de vm por pareser
entendera o muito que lhe conven. No que toqua a meus
negocios digo a vm que estou tão desconfiado da froxidão
de meu primo que cuido e temo se não tiver muito adjutorio
não me cobrara eses seissentos crusados e digo mais que
tamben não tenho a vm por muito agente e asi lhe peso
que se pera este particular ambos não se atreven
a mudar naturesa e fazer mais do que fizerão
en toda sua vida que busquen quen por meu dinheiro
o fasa contanto que advirtão que os solisitadores
custumão vender as demandas e digo tudo isto
porque estou serto que se não for a poder de avexasois e forsa de
justisa não an de pagar eses henemigos, e eu tão mofino que
ha quatro mezes que grito a Alexandre meu primo que mos
execute te os desonrrar e não ha remedio concluir e eu não
posso hir a ese reino e o fundamento de não poder hir la he por
vosas merces todas teren honrra e fazenda que con
falsidades lhe querião roubar se quiser botar detras das
costas o parentesco sangue amisade e obrigasão isto
parese que basta a obrigar a vosas merces me valeren
nesta tão grande nesesidade que lhe afirmo
o que tenho nese reino he omo fundamento de
meu remedio e são as partidas seguintes
Item dusentos e corenta mil reales da letra de
graviel ribeiro e diogo duarte - 240$000
Item oitenta ou sen mil reales da desima e inovasão
das casas da rua nova - 096$000
Item corenta mil reales da minha tensa do anno pasado
e deste - 040$000
Item noventa e sete mil reales que me deve Alexandre
d abrinhosa meu primo afora o meu fato - 097$000
soma quatrosentos setenta e tres mil reales. 473$000
não falo no rendimento das casas e foro do natal pasado porque
iso escrevo alexandre d abrinhosa meu primo o pague la
a hũ aires gomes de quen eu ca cobro setesentos e
quatro reales que terão de despesa obra de sen reales
como lhe aviso asi que lhe restarei a dever seissentos
reales pouco mais ou menos como se vera pela conta que
mandarei mas por ora digo que se lhe entreguen os seissentos
reales dou todas estas contas a vm pera que vm
me ajude e valha en tudo fazendo corpo con
meu primo e não se atenha hũ a outro antes
fasão juntos e não an de perder hũa ora que por deus que
lho mereso e se vivo espero mereserlho muito mais e
lembrolhe que nesta ocasião poden recuperar
a fama perdida e isto a de ser con vegiar e
trabalhar por me cobrar este dinheiro e antes de vir a casa
entregalo a mateus lopes torres que o conte e mandarme
letra não sei con que palavras os obrigue a despertar
eu não sei mais.
senhor hirmão sou de pareser que cobrado o dito dinheiro (que he
o fundamento de meu remedio) se venha ca con afeito
de vm e venha Alexandre d abrinhosa e vejamonos se quer
ora fazen aqui os portugueses hũ ospital en que cuido
poderei acomodar a vm con bon partido e isto digo por
novidade mas ha mil outros comodos aqui anda Antonio d
abrinhosa e não ten mais que sua misa e sobrepelis e paga
corenta reales de casa cada mes e muitos outros asi o mundo
he grande para quen ten animo e não he nada para quen
he acanhado e fosco e asi estes acanhados so pera sofrer
con falsidades prestão. declaro mais
a vm para que se resolva. ben deve estar inteirado
que não posso hir viver a portugal sendo asi o viver so he morte
e se eu não fiser conta de minha mai e hirmans aviera de mandar vir mendosa logo e se ellas se não resolven ei de
mandar vir mendosa e seu marido mas vejo que minhas hirmans estão
corridas e como nũa cova sen justisa nen resão e con
falsidades tão manifestas e ca vivirão ellas e vivirei eu e por deus
que cuido emos de viver co muito gosto abastansa e
quietasão e ca vera a verdade disto e estando so como estou
sou salteado e roubado de continuo deus seja louvado
contudo, esta carta que aqui vai pera fernão de magalhais he de don
gil ianes da costa que ora vai por presidente do desembargo do paso
de a vm en mão propria de madrid a 23 de abril de 607
gastão d abrinhosa
faso saber a vm que estou con notavel aflicsão porque meti comigo a hũ
homen que veo de berberia tornarse cristão que foi la alcaide, o qual
se chama Rui gomes correa e dis que he de serpa e ha quatro mezes que
se esta curando de mulos e cansere e deilhe casa e cama de grasa
e paso con elle o que deus sabe e não me quer diser de que gente he
faso conta que me ten cativo e elle he hũ barbaro e con malisia não
no posso ver fora e não me basta andar con carranca e não ver a
casa dias deus me valha e me de pasiensia não me acontecera outra