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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1645. Carta de Antónia de Oliveira para a Inquisição de Lisboa.

ResumoA autora enumera diversos comportamentos de Vicência de Faria que demonstrar ser esta culpada de feitiçaria.
Autor(es) Antónia de Oliveira
Destinatário(s) Inquisição de Lisboa            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

A presente carta de denúncia é escrita por Antónia de Oliveira, moradora em Lisboa, casada com Gaspar de Cerqueira, sargento da companhia dos Criados d'el-Rei. A delata, acusada de feitiçaria, é Vicência de Faria, tecedeira.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

A presente carta de denúncia é escrita por Antónia de Oliveira, moradora em Lisboa, casada com Gaspar de Cerqueira, sargento da companhia dos Criados d'el-Rei. A delata, acusada de feitiçaria, é Vicência de Faria, tecedeira.

Suporte a carta ocupa as duas primeiras faces de uma folha inteira de papel dobrada.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa, Cadernos do Promotor
Cota arquivística Livro 227
Fólios 6r-7v
Transcrição Rita Marquilhas
Revisão principal Cristina Albino
Modernização Rita Marquilhas
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2000

Page 6r > 6v

esta molher a Çonheso vai por quatro annos dandose por Casamentera deÇalrose por feitiseira que tinha Çomido muito remedio nesta tera pelo o que sabia de feitisarias aonde me dise que tomava Çabesa de bode negro pa fazer frividouros Com muitas Çouzas diabliquas pa fazer vir pesoas de muito lonig teras toma a tera debaÇho dos peis i esta Com os olhos postos en muidandose a pesoa va tomala pera lhe fazer fitisos isto me dise ella toma mididas das esCaidas i das porta por nastros da Cabesa i fallos en boquadinhos pera feitisos isto me dise ella que fazia tira almas da outra vida Com devasão pera lhe falarem a suber o que esta pera vir isto me dise que o tinha feito toma a pedra d era i piza Com mais feitisos i da a beber pera lhe darem isto me dise que fazia i se me fose nesesaro que ella mo faria a min mesma fas devasais de santos defezos que he são diniel i santo arasmo Com quartas diaboliquas Com tres Candeinhas asezas nua sem Camiza Com os Cabellos deitados pellas Costas abaCho fazendo mezuras pelos Cantos de Caza i abre a genela fora d oras i dis palavras diaboliquas pera adro o Canpanro que veja esta lhe vi fazer eu en sua Caza toma hũa basora i enfeita i vistida Como molher i deita pella esCasda abaCho di nuote fora d oras Com palavras diabliquas i feiCha a porta i pola manha aCha en sima isto me dise ella que fazia busqua galinha pellos munturos mortas Com feitisos pera firvidouros isto me diChe ella que fazia furtarome hũa toalha de maos ella me dise que diente de mi faria Couza pera adivinha quẽ ma tomara tomou ella hũa pinera Com hũa tizoura no buraCo da pineira Com hũa quarta diaboliqua dibaCho da pinera i a fes ballha Com palavras isto vi eu mesmo



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