Representação em facsímile
[1620]. Carta de Rui Fernandes de Castanheda para a sua mulher, D. Catarina Faria de Alpoim
Autor(es)
Rui Fernandes de
Castanheda
Destinatário(s)
Catarina Faria de
Alpoim
Resumo
O autor notifica a sua mulher de que foi preso em Caminha e que vai ser
levado pela Inquisição e dá-lhe instruções sobre como agir para o
ajudar.
do elvas q he donde esta o voso anel E cõ elle dahi vos
ireis logo E cõ seu filho E outro homẽ falar ao fra
de q he hũ santo E vos a de encaminhar E favore
ser la na meza E isto sera tudo cõ o conselho do
dito ldo simão barboza o qual me a de mandar
hũa carta en reposta da minha em q me avize
o q ei de fazer E cõ ella E cõ outra vosa em que
me avizareis como estais E juntamte me avi
zareis que pesoas são as que estão prezas E as
soltas donde estão E cõ a reposta desa carta
q ahi mando pa o rocha em q lhe mando per
guntar do negosio de madrid me fareis
tudo hũ maso cozido em hũ pano E mo trara
logo este portador cõ toda a presa antes q
me levẽ desta tera ahi vos mando hũ dobrão
pa os homẽns q vos acõpanharẽ avizaime
os termos en q estão as cazas de solis E por
q estou mui fraco quazi pa espirar não sou
mais largo q ficarme o Coracão arebentando
E os olhos cõ lagrimas cõ saudades vosas E
de sabina E de minha triste sorte E se vos não
vir ja nesta vida não vos esquesa de me em
Comendardes a alma a cristo jhs E a sua ben
dita mai q me socora en tão grãode tribula
cão qual fica este agoniado Coracão.
Voso q nũca nasera por este homẽ me mandai as siroulas E as duas ca
mizas velhas ou ao menos as siroulas E o demais não
E no maso não me ponhais sobescrito porq este por
tador não me conhese q hũa molher lhe deu estas
cartas sem elle saber de quem ellas erão