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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1157

1594. Carta de João de Morais, pseudónimo de Francisco Rodrigues, mercador, para Manuel Mendes Sanches, mercador.

ResumoO autor pede a intervenção do destinatário no trato das suas mercadorias na praça de Lisboa uma vez que se sente prejudicado pelo intermediário que lá tem. Pede o envio de uma carga de pimenta, dadas certas condições. Pede finalmente notícias sobre o paradeiro do filho e de um criado.
Autor(es) Francisco Rodrigues
Destinatário(s) Manuel Mendes Sanches            
De España, San Sebastián
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Há três cartas da autoria de Francisco Rodrigues, embora assinadas com o nome João de Morais, que se encontram no processo de Custódio de Carvalho, sacerdote, coadjutor da Igreja dos Mártires de Lisboa, homem com parte de cristão-novo. Custódio de Carvalho era tio de um cunhado de Francisco Rodrigues, Bento Dias. No início de 1594, Francisco Rodrigues andou fugido à Inquisição, escondendo-se durante umas semanas em casa de Custódio de Carvalho e embarcando de seguida para fora do Reino. Nos finais de 1594, encontrava-se em Sevilha, de onde enviou a correspondência aqui em causa. Custódio de Carvalho, que entretanto fora denunciado por ter ajudado Francisco Rodrigues a esconder-se e a fugir, entregou as três cartas na Mesa do Santo Ofício a 22 de dezembro de 1594, afirmando que lhe tinham sido entregues por um correio de pé, e que vários indícios o tinham levado a "suspeitar" que, embora assinadas com outro nome, eram da autoria de Francisco Rodrigues.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita no rosto e no verso do primeiro fólio e com sobrescrito no verso do segundo.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 3526
Fólios 8r-8v; 9v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2303484
Socio-Historical Keywords Teresa Rebelo da Silva
Transcrição Teresa Rebelo da Silva
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Teresa Rebelo da Silva
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2015

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A manoel mendez sanches Lisboa Jhus são Sebastião a 28 de nro de 94

são sebastião me derão hũa de vm q foy pa muita cõsolação pera alivio de meus trabalhos e nela vi todas as q me tem feitas que ds lhe pague lhe dar os gostos e paz q todos os de minha cassa lhe dezejamos p ela vi como a Rui fz tinha mãodado o meu recado e aqui mesmo tive carta de Rui fz de hũa pa q la mãodei buscar o ẽprego da mercadaria q mo não ẽpregara p não lhe pareçer boa ocasião. e devia ser por aver Mister o dro porq este homẽ ẽpregou o seu e davão lhe qua a 3o por cto de interesse no q trouxe. e ele iscreveme q por o dro não estar quedo o toma pa si e me dara p elle a por cto valendo na praça a dous e mo por cto q asi foi ho de Fco mẽdez Corea como vm la pode sabr agora lhe escrevo q se me quiser dar a dous por Cto p elle senão q ho mãodarei cobrar de modo q isto he o q passa e de nada me espanto que os homẽs q não tem liberdade tudo lhe soceda desta manra se a vm lhe pareçer folgarei q lhe escreva sobre isto avẽdo ocasião com a vinda de sua comadre folguei porq vejo q vai tardando a despensasão q ds mãode pa Remedio de tanto perigrino. meu filho não he vindo ate agora não sei o q la faz nẽ ho meu mulato q se foi pa la eu lhe escrevi q querendose vm svir delle lho deixasse em casa não sei o que nisto tem fto de tudo me fara m avisar qdo se ofereçer ocasião e no mais q por estas partes se ofereçe de seu sviço pois vm sabe ho gosto que ho farei e se o preço da pta ir de manra q se possa por qua vender a seis Rs e mo e me vm quiser mãodar par de cargas folgarei mto por ter o que gastar e a tpo eu darei a vm por ela o q la lhe der outrẽ não se ofereçe de presente outra cousa todos os desta sua cassa ficamos a seu serviço e nos ẽcomẽdamos em m da sra minha comadre pedindo a ds lhe de mta paz e descanso pa seu sviço como lhe nos desejamos faca me m mãodar chamar mel se la hainda estiver e sabr o q la faz e fazello vir pq tudo lhe escrevo faça o q lhe vm Mandar

Compadre e grande amigo de vm João de moraes

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