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Maarten Janssen, 2014-

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1827. Carta de Pedro Fernandes, boleeiro, para José Matias Monteiro, soldado.

ResumoPedro Fernandes escreve a José Matias Monteiro a justificar o facto de ter abandonado a casa deste e a requerer a devolução dos seus pertences.
Autor(es) Pedro Fernandes
Destinatário(s) José Matias Monteiro            
De Portugal, Lisboa
Para S.l.
Contexto

Processo em que era queixoso José Matias Monteiro, soldado do Batalhão de Caçadores n.º 8, e réus Nicolau Tolentino Monteiro e António dos Santos Monteiro, irmãos mais velhos do primeiro. José Matias acusou os irmãos, aparentemente seus rivais, de se apropriarem de uma petição, em seu nome, na qualidade de Administrador da Sisa das Carnes. As pretensões dos irmãos iam porém mais longe, chegando à pressão, sob ameaça, para José Matias abandonar a sua amada. O conflito que se gerou em torno desta última exigência conduziu a episódios de grande violência entre os envolvidos, bem como ao sequestro de José Matias. Apesar de inicialmente mal sucedidas, as tentativas de evasão do cativeiro acabaram por resultar em libertação. Foi do quartel, onde finalmente encontrou ocupação, que José Matias Monteiro instaurou este processo, no âmbito do qual se queixou não só dos factos referidos, como da apropriação dos seus haveres por parte dos acusados. No decurso de todos estes acontecimentos, escreveu diversas cartas a conhecidos seus, a seus irmãos e à sua amada.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita nas duas primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra N, Maço 3, Número 12, Caixa 6, Caderno [1]
Fólios 49r-v
Transcrição José Pedro Ferreira
Revisão principal Cristina Albino
Contextualização José Pedro Ferreira
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Texto: -


[1]
Sr Montro
[2]
Dezeijo a Sua Saude em Compa de Sua familia.
[3]
Sr Vmce a de estar mal comigo em Rezão de pençar que eu dei fuga a seu Irmão mais he huma emjustiça que se me fáz porque eu não Comsenti que elle fugiçe nem tão pouco me emportava isso
[4]
Agora o eu Retirarme da sua Caza foi por via de eu Saber o seu genio e Vmce não atender a Rezão, e porçuadido que eu lhe dei fuga, e fazerme Vmce alguma desfeita,
[5]
e eu por Conciderar isso mesmo achei mais pordente o eu Sahir:
[6]
porque a pordencia he a que deve Reinar.
[7]
emtre os homens de bem.
[8]
Seu Irmão mandoume hum bilhete mandandome dizer aonde estava e que em todos os modos lhe foçe falar:
[9]
he Verd he Verdade que eu lhe fui falar, e elle me pediu emCarecidamte que eu lhe levasse huma Carta a Mai, e eu fui por não o deixar la hir a elle.
[10]
he a Rezão por que eu Soube aonde elle estava Agora
[11]
o que lhe peço a Vmce he que me mande meter tudo o que for meu dentro da ma Caixa e ma Remeta pello portador desta Juntamte me Remeta as mas Contas pelo do portador e fico esperando as suas detreminaçoens
[12]
Como qm he seu Cro e mto obgdo
[13]
Lxa 15 de Maio de 1827 Pedro Fernandes

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