Contexto | Este processo diz respeito ao padre João de Sousa Paiva e Amorim, natural da Vila de Barca, sacerdote do hábito de S. Pedro e escrivão da câmara do Isento de Refoios (Cabeceiras de Basto, Braga). O padre foi preso a 11 de novembro de 1735 porque se ordenara ilegalmente. Casara-se com Teresa Maria Pereira, mas ela teria cometido adultério e os dois separaram-se, se bem que não tenha havido realização judicial do divórcio. O réu decidiu ordenar-se padre ainda legalmente casado, com "reverendas falsas do Bispo de Lugo, do Reino da Galiza". A ordenação ocorreu em 1734, sendo Teresa Maria Pereira viva e estando a morar em Lisboa, pois fugira para a capital. Teresa Maria Pereira era filha de António da Silva, meirinho da alfândega e natural de Valença. A Inquisição fez várias diligências junto deste para tentar saber o paradeiro da filha em Lisboa. O pai foi chamado ao Santo Ofício para ser interrogado e disse que recebera uma carta (que não consta do processo) de sua filha de Lisboa, sem indicação da morada, e que nessa carta ela pedia ao pai para lhe confirmar a notícia de que seu marido, João de Sousa Paiva e Amorim, se tinha ordenado padre. Nessa mesma carta, Teresa Maria Pereira pedia ao pai que respondesse por via de Francisco Xavier. Assim aconteceu. O Santo Ofício continuou a insistir com António da Silva para que localizasse a filha em Lisboa. A carta aqui transcrita, que recebeu de Francisco Xavier (natural de Valença, funcionário dos correios em Lisboa), a dar notícias de Teresa Maria Pereira, foi entregue à Inquisição de Coimbra, tal ficara combinado. O réu, João de Sousa Paiva e Amorim, foi condenado ao degredo por 4 anos, para o Bispado do Porto, e foi proibido para sempre de exercer o cargo religioso de padre das ordens que recebera. |