Contexto | Adão Correia, mulato forro, de 22 anos, que servira na casa de Rui Lopes Lobo em Lisboa, foi acusado de tentar extorquir valores a diversas vítimas. Utilizava como método apresentar-se a elas como portador de um auto da inquisição, feito por ele próprio, onde estariam nomes de denunciados e testemunhas. Abordava as vítimas, mercadores cristãos-novos, e, a troco de bens e da promessa de segredo, prontificava-se a revelar o conteúdo do auto fictício. Em nenhuma das suas abordagens parece ter tido sucesso, dado o desinteresse ou a revolta das vítimas. Este caso de extorsão foi denunciado ao juiz do crime de Lisboa, que mandou prender Adão Correia no Limoeiro. O réu alegou que tinha por motivação conseguir comprar um hábito de romeiro e correr mundo. O Santo Ofício interessou-se então pelo caso, por considerar que perturbava e desautorizava o seu serviço, e instaurou também o seu próprio processo. O réu acabou condenado a açoites com baraço e pregão pelos locais onde residiam as suas vítimas, degredo de três anos nas galés (ou então seis anos, se preferisse ir para o Brasil com a sua mulher) e degredo perpétuo de Lisboa e do seu termo. |