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Maarten Janssen, 2014-

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[1600]. Carta de Francisco Correia da Silva, criado, para Dom Vicente Nogueira, cónego da Sé de Lisboa.

Autor(es)

Francisco Correia da Silva      

Destinatario(s)

Vicente Nogueira                        

Resumen

O autor diz ao destinatário que ele é o responsável pela sua desonra e que se foi embora levando o seu dinheiro. Avisa-o ainda de que o desonrará publicamente se ele denunciar o caso.

Texto: -


[1]
Não tem vm de que tomar paixão Alguma pella grande descortezia q cometi em largar todo o meu remedio e me ir por este mundo porq mais quero padecer Trabalho e mizerias do q ser dezonrado ainda q por fazer isto q fis o ei de ser:
[2]
Vm cuide q nunqua me vio nem me conheceo e asim não faça cazo disto q lhe levo que cuido o não fara e nem o descubrira ao ldo
[3]
e quando de todo en todo vm quizer precurar Alcansarme pa me fazer dar castigo vou pa setuval aonde estarei huns dias mas poucos
[4]
mas eu entendo se não querer Vm desomrar
[5]
e não cuide que he pequena a que a de ter porq eu sou hum d moço que se me da pouco da vida
[6]
e dase me pouco a padeser deshonra quando for forçado
[7]
e vm darselhe ha mto q se saiba o q eu sei de vm porq tenho quem queira ser minha testemunha pello q deve vm de querer dar pouco motivo nisto q digo e dar mtas graças a Ds de me ser ido porq me avizaram q em tres annos q estive nesta cidade sabese mto de mim e dous dos q estão presos e mtos q temo q An de prender
[8]
foi mto estragado e bem mto mal acomselhado em me aseitar em seu serviço e comportando de q tão pouco conhecia
[9]
torno a pidir a Vm não dee a falar a nimgem nada senão q lhe tinha pidido licença pa ir a setuval e q divia de ir lla
[10]
e não queira deshonrarme pa ser mto deshonrado Nosso Senhor
[11]
Franco Correa da Silva q numqua o fora nem conhecera a casa de Vm

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