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1830. Carta anónima para António Germano da Veiga, Intendente Geral da Polícia.

Autor(es) Anónimo483      
Destinatário(s) António Germano da Veiga      
In English

Anonymous letter sent to António Germano da Veiga, the Lisboan Police Superintendent.

The author complaints about several assaults on the house of the family of a political prisoner. He points out to a number of suspects: the occupiers of a nearby house where prostitutes are taken to by several men and guitars are played until late in night, and also an individual, an army defector.

While Dr. José da Cruz Xavier, a political prison, was in jail, his family house was assaulted several times. The wife, Dona Maria Genésia da Maia e Gama testified against a gipsy woman, some Galicians, and two subjects wearing army coats. Finally, an army defector was found guilty and sentenced to five years in India.

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Texto: -


[1]
Illmo Sr Intendente Geral da Policia
[2]
Os desejos que V Sa tem feito bem patentes de manter a segurança, e tranquilidade dos habitantes desta capital, são os que me obrigão a fazer sciente o seguinte acontecimento:
[3]
Acha-se prezo na Cadeia do Castello o Dor Joze da Cruz Xavier Secretário da Real Junta da Fazenda dos Arsenaes do Exercito;
[4]
sua fama alem dos disgostos, que por este motivo tem soffrido, tem sido attacada por trez vezes nas Cazas da sua habitação ao Val de Santo Antonio, cujas cazas tem hum Quintal para huma Travessa chamada do olival,
[5]
e isto com o fim de a roubarem, chegando a tanto o descaramto dos Ladrões, que no ultimo attaque que lhe fizerão, que foi no dia 25 do corre pelas Onze horas da noute principiava a deitar abaixo a parede de huma janella que deita para o quintal, o que sendo sentido pela ditta familia se vio na necessidade de gritar aqui d'El Rey,
[6]
e sendo então auxiliada pela vizi Vizinhança tiverão os agressores tempo de fugir.
[7]
Na mencionada Travessa ha diferentes Barracas, e em huma d'ellas morão huns sugeitos que a não habitão sempre,
[8]
porem vem ali varias vezes, e nella introduzem mulheres
[9]
e ahi toques de Guitarra ate alta noute
[10]
cujos sugeitos, e factos por elles praticados se fazem dignos de suspeita, e da vigelancia e indagação da Policia de q V Sa se acha encarregado.
[11]
Aparece tambem nestes citios tempos hum individuo desertor de hum Regemto de Linha, o qual tem pr alcunha o Croinha, e anda ate alta noute de manta e cacete
[12]
e algumas pessoas se tem queixado do seu procedimento.
[13]
He para que estes factos cheguem ao conhecimo de V Sa e as providencias que julgar accertadas que se faz esta exposição a qual he verdadeira e se pode Pode provar pelo principio de arrombamento feito na Caza mencionada o qual foi visto e examinado pelos vizinhos que acudirão as vozes da referida familia
[14]
Da protição de V Sa espera esta familia o descanço que lhe he roubado pelos sobreditos acontecimtos
[15]
Ds Gde a V Sa ms as
[16]
Lisboa 27 de Abril de 1830 Hum Amo da tranquilidade

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