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1620. Carta de António de Castro Pinto, cirurgião, para [Jorge Fernandes, padre].
Autor(es)
António de Castro Pinto
Destinatário(s)
Jorge Fernandes
Resumo
O autor defende-se de acusações injustas, exige a devolução de uma égua que lhe foi tirada e admoesta o destinatário.
Texto: -
[1]
Não entendi, q hũ homen do abito de Vm quissese
enrgrar hũa falta como esta antes he boa proximidade
deseja por tudo ẽ paz e olhar q não a nhũ q não erre
e não caia en fraquezas
[2]
vendo vm meu pessar e
arependimto devia levar isso per milhor modo do q
ho leva q me dizen vm negoçea tudo e e
nese casso a manilha
[3]
mas dizẽme q e mto seu
devoto seja enbora q eu não tenho de meu mais
q perder na tera q essa egoa e q a perda pouco
se perde mas sinto o q se me faz ẽ activo e per passivo
[4]
estou cõ hũ pe, ẽ castela outro en pertugall
[5]
não a boa
obra q se não page
[6]
e coãdo na terra se não poden
paguar pagase na outra vida
[7]
não era meu inteto
fazer mall a ningen deses sors mas po gomez deste izeda
negoçiou tudo cõ o fo da va onde estavamos poussados
[8]
ele foi chamou o juiz q eu não sabia as cassas ẽ algu-
selo nen os nomes dos mors
[9]
e hũ mãoçebo d alen coãodo
forão
o pus ele e dentro
[10]
ben sabe q eu não o conhecia
e q po gomes era o agresor de tudo cõ o fo da va e o
juiz
[11]
e não se descullpen porq eu estou como lhe
digo
[12]
não me enojẽ nen tomẽ soberbo q coãodo
cuidamos estamos milhor então damos qedas,
[13]
não lhe
pareça q a min sso agravão
[14]
e coãodo se fora
so
o sei agardeçer
[15]
não queria q essa egoa
fose azo de ma ventura mais do q ten sido q
me não a de esqueçer isso toda minha vida
[16]
e ja
sei algu sseco q nunqua o soubera e tivera
quebra das mas pernas, pois, Vm me levou a minha egoa
donde estava
[17]
seja servido entregarma q ja
agora não o faço pela valia dela
[18]
e me mãode
reposta de tudo pra me eu lhe perder as suidades
[19]
e
vm não sei se me vio algũ dia - porq se me vira
conheçerame por seu criado inda q pasasse esa
parvoise depois de çea
[20]
e veio la o fo da va q foi
chamar o juiz
[21]
e o juiz sabia da picardia q não ia
não sia enganado
[22]
nen eu abri portas algũas como
dirão se quiseren falar verdade
[23]
q o juiz as abrio
todas como e verdade porq eu não fazia mais q
rir
[24]
como, e verdade não me seja vm parte nen
eses sors o queirão ser
[26]
de
mais velen
coãoto quiseren
[27]
e se la diseren q eu me
nomeiava por fameliar não e verdade
[28]
nen avera pa
q tall diga cõ verdade coãdo velen de min e me cullpen
[29]
minha fazenda não se toma a força
[30]
e taé gora agoardo
sua cortesia q não faltara qen ande coãdo seja
neçessario
[31]
esse capote ben se ssabe não e meu q o le-
vei pra o frio.
[32]
ben ssabẽ vs ms q se não fojira não erão
partes pa me tomar a egoa mas ouve vergonha de
ir ẽ tão ma cõpanha
[33]
Vm se como
milhor lhe pareçer q coãdo a egoa fora obrigatoria
estar la vm ma ouvera de
[34]
q o mesmo lhe
ou-
vera de fazer q nunca me negei pra os homẽs
onrados
[35]
deste criado de Vm oje 29 de março
de 1620
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