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Maarten Janssen, 2014-

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1607. Carta de Manuel Soares para o primo, Gaspar de Passos Figueiroa, meirinho do Eclesiástico.

Autor(es) Manuel Soares      
Destinatário(s) Gaspar de Passos Figueiroa      
In English

Request letter sent by Manuel Soares to his cousin, Gaspar de Passos Figueiroa, a bishop's bailiff

The author asks for news from his imprisoned cousin and tells him how afflicted he was with the rumor of his sentence of exile to Angola for life. He promises to stand by him and try everything to defend him.

Gaspar de Passos Figueiroa, a bishop's bailiff, was arrested by the Inquisition under the accusation of receiving bribes from some New-Christians he was supposed to arrest, allowing them to flee instead. He was also accused of contacting his own family by letter when he was already in prison; indeed, the Inquisition prisoners were not allowed to reveal "the Saint Office's secret".

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Texto: -


[1]
não sei o que o tivera ho descuido de Vm de ha tamtos dias nos não escrever
[2]
parese que não sente a pena e do desgosto que nos temos porque depois que veio ja com o soares ate esta hora não tevemos novas nenhũas de Vm salvo onte vimte e dous de oiitubro que me derão hũas de forte pouquo gosto se asi são ho que deõs não primita em que escreveo frade da ordem de san framciisquo que esta nesa sidade que he natural de caminha filho de manoel llovo
[3]
escreveo cartas por esta tera disemdo que saira a semtemsa de Vm degradado pra sempre pra a amgolla
[4]
e ho hofisio perdido
[5]
e que vira ir a Vm em hũa besta d albarda hũs grelhois nos pes outros nalfeitores pra llisboa pra embarquar
[6]
tanto que ouvi estas novas quedei sen corasão e mais morto que vivo
[7]
e não me pude equiiatar ate não mandarmos este portador pra que ba e venha brevidade pra nos tirar desta sospeita
[8]
aimda que por outra parte não ho creiio porque se iso fora não tenho a Vm por tam descuidado e aho sor meu primo alvro soares que nos não avisarão por a posta
[9]
ja tenho escrito a Vm que a emformasão que fes ho abade que hia como nos queriamos salvo se no caminho se fes algũa belhaquaria nella
[10]
se não foii como digo me avise e ira outro trellado mais cuido que se não fa faria nella nada
[11]
aviseme llargo de como pasão seus negosios e em que forma estam e se se a de fazer qua defesa porque ja lhe tenho escrito se fara como a pimtarmos
[12]
e que se diz por a tera que peitarão ho abade de sanpaio e o migel seis cruzados por jurar cõtra Vm
[13]
mandenos ho trellado do llibello por fernando
[14]
e asi me avise como corem tam debagar ou a rezão por que e que esperamos delles
[15]
de tudo me avise llargo e não seja pergisoso no escrever
[16]
e tambem me avise a rezão que este frade teve pra hũa tan grande maldade
[17]
avise me do gasto que ho sor alvro soares tem da sua mulla
[18]
e tambem se he nesesario meulla porque todas as horas que for nesesario esto prestes
[19]
e mando pidir aho sor alvro soares hũas cartas pra frco frz figeiredo e pra ho pimenta pra faboreserem a meu cunhado joão de figeiredo
[20]
me diran do que tras os frades demfrais no porto
[21]
de ordem que os traga fernamdo
[22]
e sejão encaresidos
[23]
ho sor noso mostre sedo ho que desejamos de a vista d ambos
[24]
de moreira hoje 23 outubro d de 607
[25]
primo de Vm Mnel soares

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