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Maarten Janssen, 2014-

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1727. Carta de Adrião da Silveira Sarmento, sargento da Companhia do Terço, para Jacinto Cordeiro.

ResumoO autor dá notícias suas e dos seus companheiros e dá indicações precisas ao destinatário sobre como o poderá contactar por carta no futuro.
Autor(es) Adrião da Silveira Sarmento
Destinatário(s) Jacinto Cordeiro            
De Índia, Fragata de Nossa Senhora de Palma
Para Portugal, Coimbra
Contexto

Processo de casamento de Alexandre de Sousa Cruz e Maria de Sousa.

António de Almeida, o primeiro marido de Maria de Sousa, natural e moradora em Coimbra, fora degredado para a cidade de Diu, onde morou alguns anos. A 22 de Maio de 1725, saiu para a caça com alguns religiosos e outras pessoas e a expedição foi atacada por gentios, tendo vários dos seus membros, incluindo ele próprio, morrido. Quatro anos depois, Maria de Sousa, viúva, pretendia casar uma segunda vez, com Alexandre de Sousa Cruz, mas para isso teve de apresentar provas de que o seu antigo marido, efectivamente, falecera.

As cartas presentemente transcritas foram uma das provas apresentadas para confirmar a morte de António de Almeida, encontrando-se sublinhadas as passagens que mencionam esse acontecimento. Datam de finais de Janeiro de 1727 e são da autoria do sargento Adrião da Silveira Sarmento, que devia ser amigo de António de Almeida. Na primeira, o sargento dá esta notícia a um seu amigo, Jacinto Correia, do qual recebera uma carta dirigida ao falecido. Na segunda, menciona esse acontecimento à sua mãe. Foram entregues por Frei Manuel da Assunção, religioso da Província da Madre de Deus dos Capuchos da Índia Oriental, que tinha sido responsável pela entrega das cartas aos seus destinatários quando regressava a Coimbra, a sua cidade-natal, depois de ter estado na Índia, e que também testemunhou sobre a veracidade da morte de António de Almeida. Frei Manuel da Assunção acrescentou a explicação das circunstâncias em que recebera e enviara as cartas no segundo fólio de ambas as missivas.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nas três primeiras faces.
Arquivo Arquivo da Universidade de Coimbra
Repository Cúria Diocesana de Coimbra
Fundo Câmara Eclesiástica
Cota arquivística Processos de Casamento, Ano de 1729 "Processo de Alexandre de Sousa Cruz e Maria de Sousa", [Código da Caixa: Dep.III - 1ª Secção E - Est.18 - Tab.3 - Nº 4]
Fólios 5r-6r
Online Facsimile não digitalizado
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2017

Texto: -


[1]
Sr Jacinto Cordeiro
[2]
Meu amo mto estimarei q estas achem a Vm com felix saude em compa de qm vm mais ama,
[3]
eu ao fzer desta fico com a mesma Deos louvado espera-ndo mtas occazioens, em q mostre o mto q eu dezejo servir.
[4]
Meu snor esta monção passada receby hua de Vm em q vinha no sobreescripto a Anto de Almeyda, e em sua auzencia a mỹ pellas mrces q Vm me faz,
[5]
como o dto Anto de Almda tivesse morrido foime precizo o tomar entregue della,
[6]
porem fui tão mal afurtunado, q em o tpo, q queria solicitar, o q Vm pedia me mandarão embarcar couza, de q me não podia izentar pa o q me foi precizo valerme de hum religiozo da Me de Deos pa q lhe solicitasse a Vm o seu negocio, o q elle como Patricio, e amo aceitou de boa vonte
[7]
e ao depois veyo elle proprio a selo o por não desta senão tbem do seu negocio pa q Vm em tudo seja bem asuccedido,
[8]
este tal he da Portagem filho de hum home, q p Alcunha tem o Guerreiro,
[9]
Vm veja nestes Estados se tenho algum prestimo, em q mostre o mto q dezejo servir não a Vm senão a todos os filhos desa terra pq a todos sou notavelmte obrigo e sobretodos a Bento da Costa, q me dizem q he Meirinho dos Estudantes, q he o habito, q teve tão grandiozas diligcas q fez qdo foi quarqueja mas q peca a Deos não aquelle Habito ainda de Morte q o sentimto q eu terei he de eu me não achar pa o acompanhar athe asim como elle me acompanhou na cadeya
[10]
com isto peço a Vm, q ao pa saber eu novas da Patria, me escreva nas moncoens dandome noticia della, q eu não me descuidarei de o proprio visto minha May ser hũa pobre velha, e não sabellas as monçoens me escrever se for viva, q minhas não querem ter esses cuidos pq nunca os mereci,
[11]
Vm aos amos todos mtas saudades e qdo Vm me qra escrever ou algũs amos me fazem grde mrce e porá no sobrescripto Adrião da Silvra Sarmento Sargto de hũa das Compas do Terço
[12]
gde Deus mtos ans na India,
[13]
esta pode pella Mizericordia, ou pla Inquisição ou pellos Apostolos, q p qualquer são seguras, pq em qualquer das partes eu procuro
[14]
com isto Deus gde a Vm
[15]
Fragta N S da Palma, embarcando com a minha compa Goarda Costa 30 de Janro de 1727
[16]
De Vm Amo mto amte obrigo Adrião da Silvra Sarmto
[17]
Aceite de Bernardo Gomes Calado, e de Lourenço da Cunha o Crespo mtas saudes pq andão embarcados comigo, e Joseph Bauptista
[18]
o filho do correyo morreo agora ha pouco no Hospital,
[19]
esta noticia pode dar a seu Pay,
[20]
e o Lourco da Branca tbem esta em Goa com saude,
[21]
tbem aqui apareceo hum fo de Mel de Macedo varela p nome Goalter, o ql tive hum pouco de tpo em minha caza, e depois de eu embarcar se auzentou pa donde não sei mas entendo, q pa os Inglezes, q ficão nesta Costa.

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