PT | EN | ES

Menu principal


Powered by <TEI:TOK>
Maarten Janssen, 2014-

Visualização das frases

[1720-1733]. Carta de [Manuel de Carvalho Pinto] para [Catarina da Silva Albuquerque].

ResumoO autor lamenta a distância que o separa da destinatária e reage às sua queixas. Justifica a falta de correio e repete juras de amor e fidelidade.
Autor(es) Manuel de Carvalho Pinto
Destinatário(s) Catarina da Silva Albuquerque            
De [Brasil, São Paulo]
Para [Brasil, São Paulo]
Contexto

Catarina da Silva Albuquerque encontrava-se numa situação particularmente frágil e viu a sua honra ser posta em causa por aquele que lhe fizera juras de amor e promessas de casamento - Manuel de Carvalho Pinto. Não só tinham feito vida marital, como chegaram a ter um filho. Perante o constante adiar da formalização da sua união, vendo-se cada vez mais sozinha e desconfiando vivamente da conduta de Manuel, Catarina levou o caso ao juízo eclesiástico de São Paulo.

Foi então que Manuel, sendo constituído réu na causa de libelo movida por Catarina, alegou que não fizera promessas de casamento àquela mulher, além de que ela tinha fama pública na cidade, na roça e suas vizinhanças de ser mulher desonrada - assim "tratada, tida e havida", "aceitando recados de todas as pessoas que lhos manda[vam] para com ela ter tratos de cópula e mais atos desonestos" (fl. 14v). Além disso, Manuel negou ser pai da criança e justificou-se com o trânsito frequente de homens de todas as qualidades na casa de Catarina, incluindo clérigos e frades de várias religiões. Afirmou ainda que ela não era mulher nobre nem detinha qualidade alguma de nobreza, pois era filha de pais humildes, pobres, com um irmão sacristão e irmãs casadas com alfaiates, sapateiros e espadeiros.

Catarina, por seu turno, defendeu-se dizendo não recebera prenda alguma a não ser aquelas duas cartas que apresentou em juízo e que constituíram prova das promessas de esponsais feitas por Manuel: foram guardadas nos autos de perguntas (1733) e ficaram desde então no arquivo da Cúria de São Paulo .

Na sequência destes factos, o vigário da vara requereu a presença de testemunhas. Achando-se a causa em prova, o réu mandou notificar certas testemunhas abonatórias. Sucedeu que uma delas era o próprio escrivão da vara deste juízo eclesiástico, pelo que foi necessário requerer licença para o efeito, aliás concedida. As testemunhas do sexo masculino atestaram a má conduta da autora; as do sexo feminino confirmaram ter Manuel enviado vários recados à autora, prometendo casar com ela e sabendo, inclusivamente, que ela estava prenha dele; testemunharam que ela lhe queria muito, não querendo ele casar com ela.

No final, provou-se que efetivamente o réu estava obrigado aos esponsais pela declaração feita de promessa de futuro casamento.

É possível encontrar estas mesmas cartas junto do Corpus Diacrônico do Português Paulista, projeto coordenado por Marcelo Módolo.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita em três faces.
Arquivo Arquivo da Cúria Metropolitana
Repository Esponsais
Fundo São Paulo
Cota arquivística PGA-100
Fólios 12r-12[a]v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

Texto: -


[1]
Minha Rica e adorada prenda E Senhora
[2]
Reçebi a Sua carta a qual estimei tanto que bem posso dizer não teve outro alivio depois Que me apartei de Vm senão qdo vi as suas letras pa mim tão dezejadas como apeteçidas
[3]
e sóo ellas me servirão de tanto gosto quando me achava com a maior tristeza por me conçiderar auzente de qm tanto adoro
[4]
e a maior pena me cauza O não poder ter prezte a qm tanto dezo ver ainda que vm me dis na sua q bem tem emtendido a falcide do meu amor e que nem por carta lhe dou novas minhas e que isto faz qm tem o seu amor Repartido por mtas partes
[5]
o que Respondo a vm que se eu com palavras me pudera explicar nesta diçera a vm couzas com que Vm se çertificara que dipois que empreguei o meu Amor em a sua firmeza não Olhei mais pa Outraos olhos porque todos me pareçem mal mas he porque tenho os meus empregados em esses seus de Vm.
[6]
e como o meu amor firme não pode ademetir couza que lhe dem pena nem que esteja mal a pesoa de Vm.
[7]
novas minhas são saudades e mais saudades de vm e ficar de saude pera servir a vm estimando mais que tudo a logre Vm tão prefeita como eu lhe dezejo pera me mandar em tudo O que for de seu gosto.
[8]
a pesoa de Vm gde Ds ms anns
[9]
de quem mto ama e adora firmemte
[10]
Quem ama como eu quero não deixa passar dor
[11]
e se a uza deste disvello O meu firme amor e desta sorte meu bem ter compaixam de qm sem firmeza Vos tem seu coração
[12]
meu Bem a couza que me emcomendastes tenho feito toda a diliga e não poçivel achalla
[13]
falei com o sr siabra e me disse que ainda que lhe decem duas mil moedas O não avia de fazer
[14]
falei com os mais sorgioins e todos da mesma sorte me diçerão que tal couza não davão
[15]
e asim vede Vos por vosa via se lhe dais Algum remedio
[16]
que agora meu papel Vai na mão de hũa flor Sede Relatador fiel dos segredos Deste Amor

Edit as listRepresentação em textoWordcloudRepresentação em facsímileManuscript line viewPageflow view