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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1332

1620. Carta de Rui Fernandes de Castanheda para Simão Barbosa de Castro, seu advogado.

Autor(es)

Rui Fernandes de Castanheda      

Destinatário(s)

Simão Barbosa de Castro                        

Resumo

O autor suplica ao seu advogado que lhe dê instruções sobre como agir pois foi preso e quer-se confessar à Inquisição.

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Ao sor dtor Simão bar boza de Crasto nas suas casas junto a são ma mede a par do coreo mor a quẽ des livre [fig1]

Agora sabera Vm as mais tristes novas que se podem immaginar do mais dezaventurado triste homẽ que nũca nasera e he que por ocazião da mal aventurada de minha mai e filhas e parentas sendo eu tão zelloso da ffe e tão bom cristão quãoto cristo Jhs sabe me foi forsado irme em trasgos de caminheiro cobrar precatorio que tinha dos contos a sãotiago de galiza hũs 100000 réis para dahi ir a madrid, que me inportava etta chegando a caminha que são perto de 70 legoas de Lxa fui en ora que não devera a caza de escrivão para mo reconheser e indo de noite comesou de me fazer pergũtas e vendome embarasado olhandome para o rosto entendendo que vinha fogido posto que disfarsado em abito de caminheiro me levou a caza do ouvidor o qual as pergũtas que me fes em que eu cõfesei na verdade de meu nome tera e pais e mais porque comfesei ter rasa da nasão me mandou a cadea caregado de feros ate aviriguar e saber dos inquizidores se vinha de bom título ou não e asi estou dezaventurado dormĩdo no chão como quão caregado de feros sem comer para ver se poso acabar esta triste vida por não verẽ meus olhos taĩtos males e afrontas incriveis pois tãoto que agora avizarẽ me farão ir prezo en feros de villa en villa como por primeiro foi meu senhor Jhs Cristo quẽ me cõsolo, mas elle era deos e eu baro mui fraco e sobretudo mui enfermo e cãsado de trabalhos

sinto tudo isto e a descõsolacão e afronta de minha mulher que he nobre e tem outra irmã tão onrada e discansada deos seja cõtudo louvado

suposto tudo e eu ser tão bom cristão como deos he testemunha pera omẽ livrar a vida e os immencos males da prizão tem obrigação de padeser mal mais piqueno por ivitar outro maior e dar remedio a tudo pelos milhores meos que lhe for posivel ainda que lhe custe trabalho risco e outras cousas

segundo entendo a mai e irmãs e migel soares sua irmãs devião ser testemunhas contra o que entendo por o modo en que sairão e segundo me buscarão,e asi contra testemunhas tão chegadas e tantas não cuido me podera livrar negar posto que tudo o que diserão cõtra foi falco, cuidei que me livrase aquelle papel que me Vm fes os dias pasados que la aprezentei em que tratei de serẽ meus imigos cõtudo como testemunhas tãoto de caza parese que não bastou agora fis esta petisão que com esta vai para a Vm la emmendar e com seu pareser a leve dona Catarina minha molher aos emquizidores que he pesoa tal de quẽ me mais fio e se pode fiar que de hũa irmã d alma que asas lhe tenho metido a mão no lado, pello que vm por amor de noso senhor e asĩ o elle livre de tão extraordinareos apertos que tanto que este vir se immagine em meu lugar e me acõselhe como letrado e amigo d alma o que eu faria se sera bom minha molher levar esa petisão a meza piquena donde nase a primeira pernũsiasão e falando elles lagrimas pondolhe diante sua calidade e reputação della de sua onra e de sua irmã e cunhada e que eu me quero ir cõfesar velũtariamente antes que por elles seja preso e confesar o que as 5 testemunhas cõtra diserão comtanto que fique solto, se podera isto levar por aqui caminho seguro para que eu fique solto inda que ponha sobre o que nũca imaginei porque se despois de consumido 3 anos me a de ser forcado fazelo e pode ser obrigado a levãtar outros novos falcos testemunhos mais val agora que sera menos

mal e ficar livre e mais onrado e se contudo vm sinte que nẽ tudo esto cõforme ao estilo e ordẽ me he bastante para deixar de ser prezo, me escreva logo de qual outra letra quãodo se não fie da sua o que lhe parese e o que devo fazer para quãodo me ca vir prezo saberme governar e o que mais me aflige he que não sei se chegara a emformasão do ouvidor juntamente o precatorio a emquisisão e que por me tomar esta confisão em tempo de ja prezo pella justica por esta sospeita de dizer que hia fogido me não valha para ficar boa a cõfisão e solto suposto a enquisisão inda não tenha cansado mão de nem conste eu aver fogido pois hia precatorio a galiza e me não acharão fora do caminho antes se eu fora fogido não fora elle justificalo pesoalmente a caza dos ofisiaes de justica este avizo de vm espero pella posta, e no demais da petisão que vm num pensamento encaminhe a minha molher para em meu nome a levar e o que a de fazer sem mil setas que me ficão a sete o corasão tremendo como varas verdes esperãdo reposta de vm e ordẽ para me levarẽ ao mar e rio de que deus o livre e a todos de tão grande mal do negosio que sobre isto se espera de madril me avize e não se emfade e cõpadesa se pois sabe tão grãode mal e o que este dezaventurado ficara padesendo, deste inferno

dezavĩturado que nũca nasera Rui fernandez de Castanheda

Legenda:

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