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Maarten Janssen, 2014-

PSCR9385

1602. Cópia de carta de João Nunes Baião para Isabel Mendes, sua mãe.

Autor(es) João Nunes Baião      
Destinatário(s) Isabel Mendes      
In English

Copy of a family letter from João Nunes Baião, a prisoner by the Inquisition, to his mother, Isabel Mendes.

The author regrets not having treated his mother as she deserves. He praises her handwriting and asks for wine to be delivered to him in prison: it helps him to forget and sleep. He recommends that she tells no one, not even his sister, about the secret correspondence between the two of them.

Thirty of the letters exchanged between Isabel Mendes and her son, João Nunes Baião, imprisoned in Goa since 1600, were seized by the inquisitors in 1603 and included in the proceedings against the mother. Isabel Mendes had written five of them, and her son, the other twenty-five. A complete net of servants and slaves had contributed to the correspondence exchange. After the system was discovered, Isabel Mendes was arrested and the letters were transcribed by the Goa Inquisition and sent to Lisbon. The cipher that some of them exhibited was replaced by alphabetic expressions.

If there is no translation for the letter itself, you may copy the text (while using the view 'Standardization') and paste it to an automatic translator of your choice.

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Ontem Segundafra tres de Junho vi o seu mto bem attado, per onde pareçe q veo a salvo. De ter Laa os meus dous q forão em reposta dos seus dous folguei mto, E mto mais per me dizer, q forão bem atados, assi forão sempre todos. Juntamte Reçebi tres pedaçinhos de pan-dolo, e hũa talhada de marmellada comprida q pareçia figo passado, Lençinho atado, contudo folguei mto perq veo a mto bom tempo. os seus Leo tam bem q se pode escuzar toda a outra Letra, e tão depressa q Logo entendo tudo de q dou graças a Ds per a boa disposição de VM perq nunca lhe vi tão boa Letra. Acrescentelhe sempre Ds todos os bens do çeo. e da te-rra. eu não digo q não ei de pedir mais nada, perq se eu não tenho outro bem neste mundo senão a VM a quẽ ey de pedir senão a quem deseja darme o coração como sempre vi vi, e eu maL aguardeçi, e este cuido q dos peccados q me Ds está castigando perq não beijava a VM esses pés todas as horas como eu devia. se me sente desconfiança, algũa, bem sabe VM q quem mto ama sempre vive desconfiado dos ventos e dos ares. verdade q me pezou de me dizer q as duas ta-lhadas lhe derão, e q ambas me mandou, perq eu folgara mais q VM as comera, perq assi como assi não vi mais q hũa. Tãobẽ não vi mais q hũa fruta sestafra, mas uvas não vi, nẽ o pu-quarinho de portugaL saiba VM de dama. De La qua me veo hũa migalha como outras vezes, per onde o q vem polla snora tudo perdido, como Ja lhe disse; o fuzil foi escuzado mandar fazer, perq no ferro velho se achara per quatro bazaruquos. Nenhũ trabalho tenho em Ler os seus, nẽ tenho neçessidade de Ler devagar perq os Leo tam bem como a milhor Letra do mundo. Se VM não tem trabalho em Ler estes, e esCrever como diz, estamos conçertados. folgara de pedir a VM algũas couzas per lhe dar gosto. mas VM tem tão bom cuidado q pareçe q adivinha o q quero, mas como não pode ser couza de mto vultu não lhe pesso senão o q puder boamte veja se me pode mandar pouco de vinho, perq aqui o pesso as vezes per amor do bulle, q portador, e tambem perq com o companheiro q tive o bebi algũas vezes, e faz me esqueçer algũa Couza, e dormir melhor. Minha Irmã mo pode mandar q o tera se puder ser, eu o pedirei, e então vira, mas a dama o sonha sem dizer a snora q eu o pesso. Do aneL Ja disse, e do mais avizeme como passou, e o mais q souber, e sobretudo encomendo a VM o secreto destes, perq folgara, q nẽ Lianor da costa, nẽ ainda minha Irmãa soubera disto, per q o q tomamos por ConsoLação não seja tristeza, e per não a ver mais fiquo beijando esses pés q trago neste Coração de Contino. Não Não entendi o q me diz q outro dia lhe responda d outra manra os tres pedaços do doçe q assima digo não sei se são as tres talha-das q VM disse no outro.


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