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Maarten Janssen, 2014-

CARDS8049

1807. Carta de António Vidal Ferreira Pinto, padre, para António Simão de Oliveira.

ResumoO autor afirma que não está ressentido com António Simão de Oliveira.
Autor(es) António Vidal Ferreira Pinto
Destinatário(s) António Simão de Oliveira            
De América, Brasil, Pernambuco, São João
Para América, Brasil, Pernambuco, Obim
Contexto

O capelão de Cururupú, o Reverendo António Vidal Ferreira Pinto, foi denunciado em 1813 por um lavrador inimigo, José Gonçalves Castelhano, enquanto culpado de uma série de crimes. O réu foi acusado de viver "escandalosamente amancebado durante mais de nove anos com Faustina Teresa, mulher casada com o alferes António dos Reis", e ainda "concubinado de portas adentro com a preta forra Maria Benedita." Disse-se ainda que era "muito remisso na administração dos sacramentos, como aconteceu com um homem branco, filho de Portugal, e com uma escrava chamada Iria do Padre António Alves Domingues", e também "um refinado negociante." Dava "conto e asilo a homens facinorosos e degredados, como um João Alves, homem de tão péssimo caráter que tem chegado a forçar algumas mulheres, dado pancadas" e era "costumado a apanhar cartas alheias para as abrir e ler e, por este meio, descobrir os segredos das famílias e dos particulares." Fazia "um notório e sórdido monopólio dos mesmos sacramentos, não batizando senão por mil e seiscentos réis, quando a esmola que recebe o pároco não excede a quatrocentos réis, e não assistindo ao sacramento do matrimónio sem que lhe deem três mil e duzentos réis." O autor do processo, no entanto, acusou também o dito padre de um crime mais banal. A 25 de setembro de 1812, o padre teria cometido contra si um "rigoroso furto": o roubo de um boi de carro, mandando-o matar "por dois dos seus agregados, com o pretexto de que tinha ido à sua roça", fazendo com que se enterrasse o coiro e a cabeça do animal "para que se não descobrisse o malefício" e conduzindo a carne para sua casa. Ao fim de um processo criminal que durou 6 anos, o capelão acabou absolvido.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 3, Número 17, Caixa 11
Fólios 439, 440
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Raïssa Gillier
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

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Senhor Anto Simão de Olivra Ge Ds vmce na sua fazenda de Obim Sr Anto Simão de Olivra S João 6 de Agto de 1807

Depois q tive a honra de falar-lhe me recolhi a esta sua caza, achei a sua carta q bem confirma o q vocalmte me disse eu disse a vmce q o ente creador me formou de barro e não de bronze, e q por isso fiquei sugto as paixoins, e felis aquelle a qm ellas não fazem empreção quero concederlhe q vmce tem razão de estarem agravados de mim; mas q tem rezultado disto acazo tenho me mostrado diferente tenholhe faltado ao decoro devido? lembrado estará q qdo veio a ma caza e mais a sra sua mana eu os recebi neste como as mas forças o permitião e q daquella avultada offerta q vmce me fes eu não tirei mais q 400 respetivos ao Parrocho; e não me tenho offerecido varias vezes pa emprego do seu honrozo servo e he histo porventura estar malquisto com vmce certamte não, porq eu nunca me hei de esquecer dos beneficios q o sr Je Glz me tem fto sem q eu lhos merecesse, estes hão estes hão de ser eternos na ma memoria pa os quais nunca a ma deslinhada pobreza permetirá q eu me mostre agradecido Emfimnão não sou mais extenço, lhe digo q grande coiza he viver imdependente sem precizar de nimguem e mto mais de mim, q por todos os lados sou inutil

Fique presuadido de q o estimo, pois deveras sou de vmce Ao fiel Anto Vidal Franco Pto

Legenda:

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