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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0014

[1534-1537]. Carta de Dom Álvaro de Abranches, capitão de Azamor, para Henrique Vieira, mercador.

ResumoO autor dá notícias de diversos assuntos da praça de Azamor e combina negócios com o destinatário. Recomenda-lhe sigilo em relação aos assuntos da carta.
Autor(es) Dom Álvaro de Abranches
Destinatário(s) Henrique Vieira            
De África, Marrocos, Azamor
Para S.l.
Contexto

Esta carta quinhentista foi recolhida no fundo Colecção de Cartas, unidade de instalação Cartas Missivas e outros Documentos. Esta unidade agrupa, em 4 maços, documentos dispersos de datação incerta ou incompleta. A partir da informação interna da própria carta, tenta-se inferir datas extremas e dados que a situem e, de alguma forma, a contextualizem.

No contexto da primeira ocupação portuguesa de cidades no Norte de África, surge o documento que aqui trazemos, escrito por Dom Álvaro de Abranches. Era um fidalgo que tinha tido a sua primeira experiência de armas nas praças de Marrocos. De 1513 a 1520 foi mestre sala do rei Dom Manuel I. Depois, foi capitão de Tânger em 1532-1533 e capitão de Azamor de 1534-1537, altura em que terá composto esta carta. Por devassa régia, foi mandado prender no castelo de Lisboa em 1537, sendo perdoado em 1545, mas passou os anos seguintes a contestar uma decisão associada, que o privou dos rendimentos e da capitania de Azamor. O destinatário da carta era Henrique Vieira, um mercador português que terá vivido em Safim, Azamor e Santa Cruz do Cabo de Gué e que, no período de 1536 a 1538, teve papel ativo na obtenção de acordos de paz com os soberanos de Marrocos. Depois da queda de Santa Cruz do Cabo de Gué, empenhou-se no resgate dos cativos e também veio a ter de se defender de acusações que lhe foram apontadas. A carta parece ter contidas algumas das razões que conduziram às acusações contra autor e destinatário.

Bibliografia:“Vieira (Henrique)”, (s.d.) Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. XXXV, Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia Lda., p.241.Anselmo Braamcamp Freire, “A Gente do Cancioneiro”, (1907), Lisboa, Revista Lusitana, vol. X, Publicações do Centro de Estudos Filológicos, pp. 271-275.

Suporte uma folha de papel dobrada escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Coleção de Cartas
Fundo Cartas Missivas
Cota arquivística Núcleo Antigo 878, doc. 287
Fólios [1]r-[2]v
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Tiago Machado de Castro
Revisão principal Rita Marquilhas
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2013

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Sro amriq vyeira vy vosa carta e quãto hao q dezes de Raby abrã ja sabes q sam judeus amtremetidos e mouros descõfiados eu lamcey hos feros a benafidel por cousa q dele me dise Raby abrã mas porq lhe achey hũa lamca mynha sua temda q me avyã furtado e sẽ fero almãcor me dise do freo de mõcoba mãdaymo por almãcor q lhe tornara a levar ho dinheyro ẽpregado cousas de qua q lhe valhã mais e fiquay lhe vos por yso e põde lhe hos bordates penhor sua mão e venha todavya ho freo quãto a jaco tosã jam Roiz esta aquy quẽ sey so a de negocear quãto a yda de sua molher farsea ho q vos quyserdes e nyso mãdardes quãto ao q me diz de luys do loureyro m espãnto diso porq sam ẽperadores de sãt espryto cheos de vaydade do cargo q lhes elrey noso sõr da polas acupações dos fidalgos cujas has capitanyas sam e nesas mỹtiras vyvem eses escudeyros e fazẽ ho q lhe cõpre e mãdã polo q ham mester qu elrey noso sõr ho puder da capitanya nẽ no tira a escudeyro nẽ no acrecẽta a fidalgo porq ha ge da capitanya se põe nẽ se tira amtes vos digo q quãdo ho capitã d arzila faz paz q has faz por sy e polos outros lugares day para cima- s- tãjere e leraxe e ceyta porq frõtarya do reyno de fez e os houtros fiquã detras e asi he d azamor q temdo gera azamor podem ter pazes hos outros lugares daquy para baxo- s- mazagã e cafim e temdo azamor paz como poderya hos outros fazer gera e sam yso vẽtos d escudeyros eu vos tenho mãdado hos avysos do q pasa portugal acerqua d elrey de fez e fiz volo a saber por voso proveyto e merce eu poso mãdar pedir mercadaryas nẽ cõtrato sem mas pidir a mỹ elrey de maroquos quãdo ouver por trabalho mãdar a portugal a yso hũa pesoa de cõfiança e pedimdo mas ele co este achaque ho escrevery ao cõde do vymioso e o cõde da castanheyra e a fernã d alvares q tem estas cousas todas nas suas mãos e vyrnos hia o cõtrato qu elrey de maroquos ganhase mais de corẽta por cento e que fosemos riquos estas cartas q vos escrevo acerqua disto trabalhay por mas trazerdes todas a mynha mão ou queymayas porq ha y mtos rapazes e muytos mexyryqueyros e mais nesta cidade dõd eles nacẽ e crecẽ quãto ao q dizes q se ho semear ate as atalays e o gado por õde quyzerem q o tornares ja ves nyso ter escryto fares mais q ho q vos madey dizer noutra carta ho freo vos emcomẽdo mto q mo mãdes diz q trouxe hũas boas estrybeyras mõcoba he mto boas tomalasey a partido mouro no q vos parecer bem e mays. ja sabes como apititoso de cousas de fez e q has cõpro sẽpre mais caras do q valem metade tenho mais q vos escrever ẽcomẽndome sor em vosa merce e day por mỹ prolfaca a elrey e a moley zidã de suas vidas e se mãdays alguã cousa desta cidade ou de mynha casa q ho farey, alvo d abrãches a xxiij de outo


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