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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0505

1716. Carta de Manuel Ribeiro, fazendeiro, para o seu primo, Manuel de Oliveira, capitão e ajudante pago dos auxiliares de guarnição.

ResumoO autor pede ao primo que lhe faça o favor de encontrar um moço que julga ser bígamo e estar na vila onde mora o destinatário.
Autor(es) Manuel Ribeiro
Destinatário(s) Manuel de Oliveira            
De Portugal, Coimbra, Souselas
Para Portugal, Évora, Estremoz
Contexto

Este processo diz respeito a Tomás Ribeiro, ou José da Cunha, como veio a chamar-se mais tarde, almocreve, cristão-velho, natural do lugar de Souselas, freguesia de São Tiago, da cidade de Coimbra, e morador em Portalegre. Filho de Manuel Soares e de Maria Soares, o réu foi acusado de bigamia por se ter casado uma segunda vez com Brites Pereira, estando ainda viva a primeira mulher, Giralda Simões, de quem tivera dois filhos gémeos que morreram.

O réu terá saído da sua terra por causa de umas dívidas que tinha contraído, ficando Giralda Simões a morar com a sogra. Chegando ao Alentejo, casou-se novamente, em Estremoz (Évora), para o que mudou o seu nome para José da Cunha e o de sua mãe para Maria Ribeira. Consta do processo que Tomás Ribeiro tinha cerca de 19 ou 20 anos, estatura mediana, olhos grandes e esbugalhados, cabelo curto, anelado e preto.

O autor da carta, Manuel Ribeiro, natural e morador de Souselas, que vivia de sua fazenda, disse em interrogatório que teve a confirmação da bigamia do réu através da resposta a uma carta que escreveu a Manuel de Oliveira, natural de Souselas, seu primo e capitão, ajudante pago dos auxiliares da guarnição na vila de Estremoz, de 60 anos. Segundo o mesmo, uns almocreves teriam dito ao sargento-mor da freguesia de Barcouço que o dito réu estava para se casar, e então Manuel Ribeiro escreveu ao primo para saber se isso era verdade e para que este impedisse o casamento, caso ainda não se tivesse consumado. Contudo, quando a carta chegou o réu já estava casado.

Em auto-da-fé de 25/04/1717, o réu foi condenado a abjuração de leve como suspeito na fé, açoitamentos pelas ruas públicas, degredo por tempo de cinco anos para as galés de sua majestade servindo ao remo sem soldo, cárcere a arbítrio dos inquisidores, instrução nos mistérios da fé e penas e penitências espirituais e pagamento de custas.

Suporte meia folha de papel não dobrada, escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Évora
Cota arquivística Processo 1091
Fólios 41r-[42a]v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2363091
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2014

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A meu primo e senhor o capitão Mel||Manuel de Oli veira gde||guarde Ds||Deus ns villa de Estremoz Meu Snr

Oferese-se esta prociza ocaziao pa ter novas de vmce q estimarei sejam boas; e quis Ds nosso senhor tello a vmce nesta terra pa acudir a huã ruinhã; em q se dis nesta terra; se mete mosso mto noso parente, q foi desta terra pa essa villa aonde disem se quer cazar, e tem nesta sua molher viva este chamão Thomas Ribro e la mudou o nome, pa Jozeph da Cunha, este está nesa vila com hum mercador a quem chamão Mel françisco que mora junto ao chafaris pesso a vmce mto por nossa criação e parentesco, acuda a isto dando notiçia ao parecho da freguezia, em como este mosso he cazado e tem nesta terra a molher viva, e a ele o mande chamar, e o fassa logo logo retirar, se he serto, o q se dis; este he neto de huã segda prima de vm, e fo de Mel Soares e Ma Ribra, espero este favor, e novas de Vm a quem Ds gde Souzellas oje de junho 12 de 716

Primo de vmce q mto o Ama Mel Ribeiro

Legenda:

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